Por: Fausto Rodríguez de Viguri Escobar, Juiz /
F.O.C.D.E. de Canto Timbrado Espanhol
1997
1997
Traduzido por: Diogo Santana
A razão que me levou a realizar este trabalho foi por causa
de um artigo publicado no catálogo de um
concurso de 1996, de um determinado clube espanhol de Canto Timbrado Espanhol,
em que se faziam declarações técnicas, de outro tipo, de como deveria ser o código deste
canário de canto, e além do mais se classificava de forma pouco correcta,
generalizando, todos aqueles que não compartilhavam os mesmos gostos
apresentados pelo autor. O objetivo que pretendo com isto é dar a conhecer à “aficion”
o que, aparentemente, pensa um determinado sector da mesma sobre o Timbrado, e
da forma em que se manifesta, da razão
de alguns dos seus apoiantes e também clarificar, desde o ponto de vista
regulamentar e técnico, os comentários que se fizeram no mesmo.
À primeira parte do artigo não vou fazer comentários, pois nela o autor, irritado
pela desclassificação feita por um juiz num
lote de Timbrados pertencentes a um seu amigo no concurso celebrado em Andaluzia, se dedica a depreciar
e qualificar respectivamente o juiz, e como este facto foi motivo de um
processo aberto pela C.N.J. / F.O.C.D.E., que acabou com um pedido
de desculpas do autor ao referido juiz, vou-me
abster de falar desse facto, os meus comentários vão dirigidos à segunda parte do artigo, no qual se fazem comentários
técnicos, e de outro tipo, sobre o Timbrado e em parte dos seus criadores.
O procedimento que vou seguir é transcrever literalmente o que mencionava o artigo publicado nos parágrafos considerados
mais interessantes para comentar, para
os leitores que não tiveram acesso a esta publicação apreciem-no, em todas as
suas formas, o que se escreveu, vou analizá-lo desde o seu ponto de vista técnico e regulamentar. Para melhor organizar este
trabalho, numerei os paragrafos a comentar, ainda que no artigo publicado não
estivessem.
1º "Reconheço que neste momento me invade um sentimento de cabreiro e decepção ao mesmo
tempo, perante o cariz que se está tomando últimamente em como se quer orientar o futuro canto do nosso canário
timbrado espanhol, parece
que não temos o suficiente e aparecem-nos desde Levante e zona centro deste País com a ideia de quererem
dividir o nosso canário em dois, "clássico" e de "floreios". Agora junta-se Andaluzia,
reivindicando mais timbres e variações rodadas, e além do mais com tudo isso, é o cúmulo colocarem-no também
no próprio berço da canaricultura timbradista, como são as Astúrias...
Neste parágrafo tenho
que comentar que a divisão do Timbrado em
dois, "clássico" e de
"floreios" não está tomada nem aprovada regulamentarmente, portanto não é admissível
"oficialmente", e se nalgum concurso se fez esta divisão foi porque não se teve em
consideração o anteriormente indicado, e consequentemente este facto se pode
dar a conhecer ao C.N.J. Quanto ao haver
regiões que querem mais alguns giros, teria que se perguntar como se pode ter vigência
dos desejos técnicos de uma determinada região , pois o C.N.J. não tem delegações nas regiões nem está atualmente
organizado como órgão técnico de representação regional, o que acontece é que algumas pessoas
que vivem em determinadas regiões queiram maior pontuação em determinado giro,
iguais outros haverão, nesses mesmos lugares, que gostarão também de outros e quererem
que esses sejam valorizados com maior pontuação,
mas disso à generalidade que se indica, em minha opinião, vai um
abismo. Além disso, a forma de realizar reformas no código de canto, na valorização dos giros, está determinada nos regulamentos do C.N.J., e se alguém quiser fazer alguma
reforma deverá recorrer às pessoas que regulamentarmente
estão capacitadas para levar ao respectivo organismo as propostas técnicas, seguindo
as vias oficialmente estabelecidas, as quais para tomarem decisões estão baseadas em principios democraticos, e se aprovarem, não
haverá nada que alegar desde o ponto de
vista regulamentar.
Quanto às Asturias ser o berço da canaricultura "timbradista", isso não é completamente verdade, pois o berço, desde o ponto de vista da elaboração do primeiro código do Timbrado e das primeiras orientações para o seu reconhecimento internacional, foi Madrid, e concretamente a Associação de Canaricultores Espanhóis (A.C.E.), e foi a partir daqui e desde diversas associações localizadas em diferentes regiões se apoiou o posterior desenvolvimento e expansão do mesmo organizando concursos que se foram estendendo por toda a geografia nacional.
Quanto às Asturias ser o berço da canaricultura "timbradista", isso não é completamente verdade, pois o berço, desde o ponto de vista da elaboração do primeiro código do Timbrado e das primeiras orientações para o seu reconhecimento internacional, foi Madrid, e concretamente a Associação de Canaricultores Espanhóis (A.C.E.), e foi a partir daqui e desde diversas associações localizadas em diferentes regiões se apoiou o posterior desenvolvimento e expansão do mesmo organizando concursos que se foram estendendo por toda a geografia nacional.
2º "O segundo é ter claro o que significa CANTAR. Segundo o
dicionário da Real Academia da Lingua,
entre as muitas interpretações, significa "formar sons melodiosos com a
voz", bem, pois um aio de vocês nunca
conseguiu entender como existem criadores e juízes que encontram melodia em passagens como: chaus, piaus, chak, ruuu,
riii. Você sim? Pois, amigo, tem orelha em vez de ouvido... "
Aqui,
em minha opinião, o que se manifesta é
uma falta de sensibilidade para comprender a variedade e a riqueza dos gostos musicais que existem em nossa
diversificada sociedade, já que nela, além de haver pessoas que gostam, por exemplo, de musica clássica (que em Espana actualmente, ao que parece, são a minoria), há também quem goste de anglo-saxónica, de
'rock', de 'country', de popular, da
zarzuela, de Ópera, de 'bacalhau',
etcétera, e para todas estas pessoas se deve ter o máximo
respeito com os seus gostos musicais, pois
sobre gostos não se pode estabelecer uma escala fixa e dogmatica de valores, já que são muito variados por diferentes motivos
de índole cultural, sentimental, fisiológico, etc etc…e além disso alterados no tempo, como nos demonstra a
historia. E quanto à definição da Real Academia que se indica, devia-se de ter
aclarado que o conceito de "melodioso" é um conceito subjetivo e,
como tal, dificil de valorizar; portanto, regulamentarmente falando, as notas
que se indicam no páragrafo que se comenta, sempre que se possam incluir em algum dos giros do código de canto do Timbrado, deverão ter-se em
conta para se valorizarem, dependendo
esta valorização da forma em que sejam emitidas, podendo dar-se o caso de se ter que penalizar a sua forma de emissão com uma pontuação negativa. Mas depreciar publicamente uma parte dos
aficionados só porque tem gostos musicais diferentes aos nossos demonstra, no minimo,
uma falta de consideração que faz perder
a moral para criticar os demais quando estes tão pouco respeitam os nossos gostos e opiniões.
3) "Pessoalmente, creio que repassando a evolução do Canário Timbrado Espanhol, depois do seu reconhecimento como variedade de canto, temos que admitir que segue igualmente degenerado e falso como quando foi reconhecido, sobretudo em algumas provincias espanholas. Se no principio foi
somente Asturias a unica região espanhola que não aceitou o canário estabelecido, hoje
em dia são muitas as provincias espanholas que partilham o que um dia se chamou "tendência asturiana", que
não é, nem mais nem menos, que um canário
selecionado... Hoje, depois de muitos anos, este típico canário é criado em muitas provincias do País (não em todas), mas sem duvida são muitos os criadores que sabem como se chega ao unico timbrado espanhol
que cumpre os dois objetivos que se seguem:
CANARICULTURA E CANTAR ".
Dizer
que o timbrado nasceu "degenerado" e segue "degenerado" é uma opinião
muito subjetiva, que não mostra muitos
conhecimentos históricos e técnicos sobre o desenvolvimento e evolução do mesmo.
O que não entendo é o uso da palavra "falso", falso, porquê?, tudo
foi legal para o seu reconhecimento perante os organismos correspondentes, e a partir daí as comissões técnicas regulamentaram (em nossa Federação e noutras), segundo a legislação vigente em cada momento, e na criação
desta regulamentação participaram e participam juízes de todas as regiões de Espanha, portanto, não está correcto que Asturias não
aceite o canario reconhecido, e se há
criadores daquela ou de outra região de Espanha que não aceitem o seu código
democraticamente aprovado, porque concorrem dentro da variedade Timbrado Espanhol?,
senão se sentem realizados com os seus gostos o lógico, desde o ponto de vista
técnico e regulamentar, é que proponham através das vias estabelecidas a criação de outra variedade de canto, e se não tiverem
lealdade por este trabalho que aceitem
desportivamente e que será decidido democraticamente pelos órgãos criados
para este efeito.
E
quanto ao "canário
seleccionado", todos os canários timbrados que se criam seguindo um
determinado procedimento baseado em principios genéticos e/ou técnicos de ensino
procurando melhorar determinadas linhas de canto são "selecionados",
não unicamente os que são de uma determinada linha, e serão depois os juízes que
nos julgamentos determinam se são esses os
exemplares que se aproximam mais ao standard estabelecido independentemente da
linha a que pertençam.
No
que se refere ao "único" canário
Timbrado que cumpre os dois objetivos que se indicam, é também uma opinião muito particular, pois o unico organismo que tem autoridade regulamentar, baseada e apoiada em principios democraticos, para dizer
qual é o único Timbrado Espanhol que se
valoriza na F.O.C.D.E. (não em todas as federações que existem) é o C.N.J. / F.O.C.D.E. e a nível
internacional, com os organismos a que se encontra filiada a nossa federação se rege também por procedimentos
democraticos, deverá no futuro de se estabelecerem
acordos com outros colégios de juízes para se chegar às normas internacionais para a valorização do Timbrado, este é o unico procedimento para
estabelecer qual será "nosso" (de todos) o Timbrado no futuro e quem não estiver de acordo é melhor
optar por criar outra variedade, senão tiver espirito democrático, também se passará o mesmo para aceitar as regras
de valorização quando não coincidirem com a sua ideia.
4) "Quero, desde
aqui, entrar num tema de enorme actualidade
que a mim pessoalmente me está começando a ficar mais enjoativo que "um polo de chouriço", e como não, restará mais, se da circunstancia
que sempre se reactiva desde as zonas mais reaccionárias à evolução do canto do Canário Timbrado Espanhol, como são a
zona de Levante e Centro deste País. E admito que cada dia que passa as suas
constantes e retrógradas manifestações na revista Pássaros se distanciem, mais e mais, dos
muitos canaricultores que partilham a canaricultura...".
Aqui
se utiliza a palavra "evolução" para justificar uns determinados gostos,
mas há quem pense que a evolução do Timbrado deveria ser noutro sentido, e outros que nessa evolução,
há parte positiva e parte
negativa, portanto, no final, não vale a opinião de uns quantos, sem a opinião
da maioria, expressada através das vias estabelecidos. Com base nisto, dizer
que Levante e o Centro são "reaccionários" no referente à evolução do Timbrado não tem nenhum sentido, o reaccionário é não respeitar a regulamentação vigente nem respeitar o código estabelecido pela maioria.
Quanto
às classificações que se fazem sobre
opiniões de pessoas que escrevem artigos em "Pássaros", e que não tem o gosto do
autor, isso só serve para refletir a
sensibilidade democrática de alguns perante aqueles que tem opiniões diferentes, o que se confirma quando se
insinua que só fazem canaricultura os que fazem manifestações do gosto do autor.
5) "... e sempre remetendo esses artigos às mesmas províncias. Será pelas
vacas cabreadas ? Creio que esta nova doença está causando um dano irreparável na Canaricultura Timbradista. Tenho de admitir que não há realmente inteligentes, uns pedem mais pontos, outros respondem e lhes
dizem que estão de acordo, mas que, a
ser possivel, esses mesmos pontos se
multiplicam por três, outro diz que não liga puto aos juízes, outro responde-lhe que ele também pensava o mesmo e que também opinava que todos os juízes eram uns "mariconços", mas agora, que é aspirante, diz que são todos uns "maestros", tem
futuro, e assim se começa (se tivesse sido eu tão inteligente….). Dá-me
vontade de escrever à revista, mas de momento conformo-me por aqui...
"
Quanto
à condição das "vacas loucas", não há nenhum louco que pense que está louco, sem que pense que são os outros que estão, portanto, esta opinião que se manifesta no artigo é um "boomerang". Como deve fazer
qualquer pessoa que deseje expressar suas opiniões publicamente? Deve fazê-lo com a máxima correção, humildade e respeito para com as opiniões dos outros,
porque se quer que respeitem as suas ideias e se tenham em consideração, terá
primeiro que respeitar a dos outros.
6) "Primeiro tenho que reconhecer
que no Clube Timbrado... não gostam
que no canto de nossos canários existam ritmos continuos (timbres
metálicos, variações rodadas e, supostamente,
os Chaus e Piaus). Esse é o objetivo prioritário deste clube e, como é logico, consegue-se tentando a sua eliminação com cruzamentos consanguíneos e, supostamente,
penso ser o mais importante, tratando-se
de fixar um determinado fenotipo que
consideramos como o ideal pela sua predisposição à interpretação dos respectivos ritmos descontinuos. "
É completamente respeitável a linha que segue qualquer clube para criar os seus Timbrados, mas desde o ponto de vista desportivo as regras pelas
quais se valorizam os exemplares julgados são feitas pela comissão e se quiser concorrer devem-se respeitar as normas indicadas no código, gostemos ou não gostemos.
7) "Não é pelo capricho do
autor, de pôr ou de recortar algo do
repertório de nossos canários, é simples e claramente de seguir, em principio, numa teoria de ..., e logo porque estamos totalmente convencidos da
incompatibilidade e da influência que leva negativamente à mistura de todos os ritmos que integra a nossa ficha
de julgamento, já que seguir os conselhos
do nosso código de canto em toda a sua amplitude, o resultado é a mistura de todos os ritmos de emissão de nosso canário, está demonstrado que também leva a uma alteração fenotipica, que impede a grandíssima potencialidade interpretativa dos ritmos de mais dificuldade e beleza, como são evidentemente os ritmos descontinuos, como os floreios,
cloqueios, floreios lentos, agua lenta e uma grande amplitude de variadíssimas notas compostas."
Aqui
o autor expressa-se no plural e,
portanto, expõe-o numa opinião de um
sector da “afición”, e já indica claramente que há uma parte do código do Timbrado que não gosta e dá
os seus motivos, até aqui tudo é correcto e muito respeitável, mas quando menciona a palavra "dificuldade" na emissão dos ritmos eu preguntaria com que instrumento se mede a
dificuldade de emissão dos sons que
emitem os canários, e como este instrumento, de momento, penso que não existe, em minha opinião o que verdadeiramente se está mascarando com a utilização da palavra "dificuldade" é o gosto
pelo tipo de giros que se indicam, e a estes giros se tenta dar mais valor, desde o
ponto de vista técnico, apelando à "dificuldade" da emissão, quando na verdade é o que, hoje em dia, nenhum pode dizer objetivamente qual é a dificuldade
que tem para um canário a emissão de um determinado giro, pois
se o animal está fisiológicamente
preparado para emiti-lo, para ele é facil, o difícil é emitir o
giro para o qual não está preparado
fisiológicamente. Quanto à beleza, é um conceito subjetivo e por isso para uns é belo uma coisa e para outros é outra, portanto o que se indica
de "evidente" não é tanto isso.
8) "O que vos quero dizer
primeiro é que na minha vida de criador
não conheci ninguém, nem conheço, que tenha tido oportunidade de ouvir um canário interpretar o seu repertório baseado, unica e exclusivamente, em ritmos descontinuos, ou, o que é o mesmo, nas passagens com mais
dificuldade e beleza e da pontuação que se recebe através da nossa ficha de julgamento, que sente algum sentimento de saudade para com o canário "clássico", uma tradição baseada na vulgaridade do seu canto em todas e cada uma das passagens, mais ou menos musicais, que os seus defensores consideram básico e fundamental para identificá-lo como canário de canto Timbrado Espanhol, antigo"
Quanto
ao conceito de "clássico" e atribuir-lhe giros "vulgares" e "degenerados",
se um canario cantasse assim, mais que
"clássico" eu lhe chamava Timbrado
de escasso valor, mas hoje em dia em Espanha existem muitos criadores (e não só na nossa federação) que criam um Timbrado que
emite quase todos os giros que constam
na ficha de julgamento, e não de forma vulgar como se vem chamando de "exemplares de encher fichas de
julgamento", mas, junto a três ou quatro giros muito bons (digo giros, e não notas), emite o resto com um bom nível, e
além do mais, toda a canção de forma
melodiosa e nada estridente, por isso
penso que o canário "clássico", tal como se define no artigo, é um
Timbrado de escassa qualidade e que, portanto, não é apreciado pela maioria da actual “afición” . Quanto às passagens básicas e fundamentais para identificá-lo como canário de canto Timbrado Espanhol, há
que dizer que no actual código de canto Timbrado do C.N.J./F.O.C.D.E., não se indica nada a seu
respeito, ainda que isto possa mudar no futuro, de facto, noutras variedades de
canto, como o Roller, se existem estas notas basicas, poderiamos perguntar porque não no timbrado, ou é que qualquer canário que não emita giros de
Roller ou Mallinois e seu fenotipo não seja das variedades de postura ou tenha fator vermelho já tem que ser julgado como Timbrado independemente da pontuação
que obtenha?, seria uma questão de
pensá-lo detenidamente, outro tema seria decidir quais deveriam ser estes giros basicos ou fundamentais.
9 "Sempre foi o que se considera como clássico um canário preso no
passado e protegido por um codigo de
canto tão reaccionário como injusto, que
justifica a vulgaridade de seu canto e,
o que é mais grave, o impedimento que se põe às grandíssimas possibilidades
canoras de um canário que, seguir pelo caminho que o querem conduzir, no final não
saberemos nem como lhe chamar: Timbrado Espanhol, Canto Espanhol, Clássico, de
Floreios, Legionario Espanhol ou, Marchando umas gambas! "
As
afirmações que se fazem no parágrafo
anterior não deixam em muito bom lugar todas aquelas pessoas que participaram na redação do actual código, e que de uma forma
democratica chegaram à aprovação do mesmo, fazendo parte desse trabalho juízes
de todas as regiões de Espanha, portanto, não entendo o porquê de se dizer que
é "injusto". Quanto ao nome,
sabemos como lhe chamar, pois este está oficialmente reconhecido a nivel nacional e internacional, outro
problema é que há pessoas que não gostam deste nome, mas perante
esta situação volto a dizer que só existem, desde o ponto de vista regulamentar,
três opções: ou conseguir uma maioria que permita a mudança, ou aceitar a opinião da maioria, goste ou não, ou
criar outra
10)
"... este típico canário chamado "clássico", com seus timbres metálicos, variações rodadas ou rulos (que é o que são), juntando
os seus horrorosos chaus chaus e piaus piaus, e suas mal chamadas castanholas chak chak, são, juntamente com os criadores e
juízes que estimulam a sua reprodução,
os autenticos responsáveis e culpados que, desde aquele longinquo mundial de Bruxelas em 1962, em que foi reconhecido como variedade de canto, não tenha na
actualidade e a aceitação de nenhum país europeu. É assim que neste momento se podem contar pelos dedos da mão os criadores europeus que se dedicam
a criar o nosso canário de canto."
Aqui
está patente um desconhecimento técnico para distinguir a diferença entre um rulo, como por exemplo os que emite o canário Roller, e um timbre,
como o que emite o Timbrado, além disso com o código na mão a diferença é tão
clara que se um Timbrado emitisse rulos
seria desclassificado pelo juíz. A diferença técnica entre um rulo e um timbre está em que no rulo a dicção da "r"
está suavizada, é como se depois da "r" seguisse uma "i", e a dicção da vogal que
acampanha a consoante seja mais confusa, por outro lado, no timbre, tanto a dicção da "r"
como da vogal que a acampanha é muito
clara e a possibilidade de ser mal emitida soa "duro" e é maior que
no rulo.
Quanto ao "horroroso" ou não de algumas notas que se podem incluir nos giros actualmente integrados no código do Timbrado, repito que isso dependerá, desde o ponto de vista técnico, do tom, volume e dicção com que se emitam, e a forma em que enlacem com o resto dos giros emitidos na canção.
Quanto ao "horroroso" ou não de algumas notas que se podem incluir nos giros actualmente integrados no código do Timbrado, repito que isso dependerá, desde o ponto de vista técnico, do tom, volume e dicção com que se emitam, e a forma em que enlacem com o resto dos giros emitidos na canção.
No
que se refere em culpar os juízes e criadores que o Timbrado não seja aceite na
Europa, isto não se sustenta em absoluto, já que graças a juízes e criadores (da nossa federação e outras), o Timbrado se está estendendo pelo norte, centro e sul do continente americano, e actualmente, na
Europa, até já existem juízes na
Holanda. Que a sua extensão em nosso continente seja pequena e difícil é por outras
razões, que fácilmente se podem explicar. A primeira é que quando se reconheceu internacionalmente o timbrado, a “afición” ao
canto na Europa, que há que dizer que era
a minoria comparada com outras raças e variedades, estava dominada já pelo Roller e Mallinois desde há meio século, e destituida numa “ afición” minoritária, a firmeza de algumas raças muito consolidadas é e será difícil, prova disso é que
na America, onde estas raças não estão tão consolidadas, o Timbrado se está expandindo rápidamente. Mas além do mais, a isto há que juntar
os gostos musicais de muitos países europeus, que não coincidem com os
nossos, não é que sejam melhores nem
piores, mas simplesmente diferentes, prova
disso é que os nossos cantantes triunfam
mais na America que na Europa apesar da proximidade, e
por este facto estão incluidas circunstancias de caracter, sensibilidade e
idioma, com diferentes formas de
pronuncia e portanto de dicção, e por consequência com ouvidos preparados para outros
sons diferentes aos dos nossos que habitualmente utilizamos em nossa comunicação.
11)
"Admitamos todos que a situação do nosso canário de canto Timbrado Espanhol fora da nossa fronteira é uma auténtica merda, e se for assim é por consequência lógica do escaparate que temos
mostrado durante trinta anos com o canário
"clássico"."
No
que se refere ao Timbrado, fora da nossa fronteira, ser "uma merda" depende do que
se considere uma "merda", pois como já se disse cada vez mais se expande e chegará o dia em que
para estabelecer um código
internacionalmente reconhecido haverá que contar com a opinião dos colégios
de juízes dos países onde se está expandindo,
com o que provalvelmente haverá mais diversidade de gostos sobre como ser o Timbrado, daqueles que
agora existem, e seguramente se terão que utilizar procedimentos democráticos para chegar
à decisão do que então se queira que seja o Timbrado apesar do seu "apelido" de "Espanhol",
por isto devemos começar a ter cuidado quando
dizemos "nosso" canário de canto, ou pelo menos começar a ter a ideia de que esse "nosso" vai
sendo tão grande, que os gostos e opiniões de determinados grupos fiquem em minoria
perante a maioria da “afición”.
Não
sei se a expansão do Timbrado no
estrangeiro tem sido pela "janela" mostrado durante trinta anos
pelo canário "clássico", mas
na actualidade para a sua expansão está contribuindo um bom grupo de criadores
que estão realizando uma selecção no repertório do Timbrado para que haja cada vez
mais exemplares que emitam um repertório muito completo, com muita boa qualidade nos giros, e
tudo isto com uma voz melodiosa e um tom adequado, portanto o mérito não é só do canário "clássico", sem que também dos criadores que seleccionam o Timbrado "actual".
12)
"Sei que algum criador poderá pensar com alguma razão, que ninguém
lhe proibe de assistir a ditos campeonatos mundias como expositor, mas também temos que admitir que a maioria das vezes julgam em
ditos concursos os juízes mais reaccionários e propensos perante as 'virtudes' do canário 'clássico', e outras, que todos os que criamos o canário de
'floreios' conhecemos. A dificuldade que representa para um canário altamente seleccionado ou submetê-lo a viagens e exposição que, a maioria das vezes, se prolongam mais de dez dias, e que faz que se estropie o seu canto... E outra, para
mim, é que, de momento, para o único que
servem os ditos campeonatos é para se anunciarem na revista 'Pássaros' como vulgar passareiro."
Aqui
volta-se a manifestar desconhecimento sobre as normas regulamentares que tem a
O.M.J./C.O.M para a eleição dos juízes dos campeonatos mundiais. O sistema que se utiliza no respectivo organismo é feito por uma lista geral de todos os juízes O.M.J. de canto Timbrado Espanhol, ordenados pela
data de antiguidade nessa organização e sem ter em conta a que Federação perteçam, e por sua vez serão
nomeados para julgar os mundiais, se algum recusa a sua assistência por algum motivo ignora-se essa recusa, e se essa recusa se repete num determinado numero de vezes se lhe
dá baixa na O.M.J. portanto o que se diz no parágrafo anterior pode-se
interpretar por lhes chamarem "reaccionários" aos juízes por
aplicarem um código que não é do gosto do autor, para isso só restam três opções, ou tentar modificá-lo conseguindo a maioria suficiente, ou aceitar o que quer a maioria, ou criar outra variedade com outro código.
Quanto
à linha de canto que cria o autor não tem força fisiologica para aguentar o esforço dos concursos, isso exige seguir trabalhando na melhoria dessa
força, pois pouca "montra"
internacional pode dar uma linha de canto que não pode sair da nossa fronteira.
O expressado na ultima parte do parágrafo é uma autentica falta de respeito para a “afición” e
criadores, e não merece mais comentario o que dá a impressão de que o autor encerra um sentimento de frustração por não ter conseguido os prémios que outros
conseguem compitindo com seus exemplares
nestes difícies (por muitos motivos)
campeonatos, seguindo as normas e código regulamentarmente estabelecidos.
13)
"Creio que até que não se faça um código de canto em que no qual se recolha e valorize, única e exclusivamente, os ritmos descontinuos no canto de nossos canários. Até que isso não aconteça e não sendo muito optimista,
penso que o caminhar do nosso canário estará desgraçadamente com o travão de mão accionado."
Queria chegar até aqui para responder ao
referido no título deste trabalho, ainda que a resposta já insinuada nos comentários que fiz, mas
depois de tantos anos de controvérsias
sobre o Timbrado Espanhol, não é de mais voltar a repetir o que na minha opinião, é actualmenle
e no futuro será o "nosso"
canário de canto, o
Timbrado Espanhol, da F.O.C.D.E., é será o que democráticamente decidiu e decide
a sua comissão técnica incluida no C.N.J., e isto sempre estará acima dos gostos
pessoais de determinados aficionados, criadores, associações, regiões, etc, etc,
pois qualquer razão que se dê para apoiar
uma opinião sobre gostos sempre é subjetiva, e portanto em qualquer organização
moderna pertencente a um Estado de direito
como é o nosso, a única solução para a eleição das normas a cumprir estará baseada em procedimentos democraticos, por isso o Timbrado Espanhol, na F.O.C.D.E., é e será o que a democracia de seus organismos legalmente
estabelecidos indique no seu código, e quem
não goste do aprovado por este sistema, desde o ponto de vista desportivo,
só tem duas opções: ou aceitá-lo ou criar outra variedade...E não entendo como é
que se há criadores que desde o seu reconhecimento oficial não gostam do timbrado, como se indica no artigo comentado,
nem se quer gostam do seu código actual, nem do seu nome, então porque
concorrem na variedade Timbrado e não unem seus esforços para criar outra variedade de canto com o nome e o código que eles gostem?, parece-me que isso,
desde o ponto de vista desportivo, seria mais correto que estar constantemente questionando o que
está aprovado pela maioria, compreendo que isso dá algum trabalho para muitos
críticos do "actual" Timbrado que não estão dispostos a fazer.
14)
"Não podemos exportar, nem muito menos vangloriarmo-nos, de um canário
que foi feito por nós quando nem sequer temos o prazer de ouvir a maioria dos aficionados espanhóis"
Isso
da maioria dos aficionados espanhóis não gostarem não pode
ser verdade, pois não há que esquecer os juízes que saem dos aficionados e são criadores e
eles mesmos é que decidem o código do Timbrado, e a maioria deles são chamados para
julgarem por toda a Espanha e
estrangeiro. Na minha opinião, neste parágrafo o que se está tentando fazer
é generalizar o descontentamento de uns
poucos para que o assunto pareça mais importante
do que é, pois se a maioria da “afición” não gostasse do actual Timbrado, o descontentamento já tinha originado
para que se tomasse em conta a modificação
do seu código e com isso
o canto do canário.
15)
" Opino que as pessoas que acometam futuros retoques ou a realização de um
novo código de canto tem que ser especialistas em música e canto, só pessoas
com esses conhecimentos serão capazes de explicar e dar o grau de dificuldade e musicalidade que existe no canto de nossos canários."
A isto
há que dizer que nem todos os músicos gostam do mesmo tipo de música, e parece-me, como já disse
anteriormente, que ninguém tem ainda o equipamento necessário para averiguar a
"dificuldade" da emissão dos
sons emitidos pelos canários, além disso
podia-se alegar que porque não participam
também na concepção do seu código ornitólogos, cientistas, biólogos,
etólogos, veterinários, etc, etc, e no final não ficariamos a saber se eles gostariam de ter participado neste
trabalho. O
que sabemos é que o nosso hobby é
estruturado com as organizações em
que participam livremente e todos os fãs, com seus gostos e opiniões,
contribuam de alguma forma, mesmo que
indiretamente, para a concepção de regras e regulamentos
que constituem as "regras do jogo".
16)
"Se este comentario cair nas mãos de
algum criador que se dedique a criar o canário 'clássico' (de forma altruista) quero
dizer-lhe que não seja defensor de nada sem antes ter
uma ideia formada em termos de
comparação do que é um canário dos denominados 'floreios'."
Eu
ouvi canários dos chamados pela “afición
" de floreios e posso dizer que,
desde o ponto de vista técnico, com o
actual código na mão, haveria alguns que
conseguiriam muita pontuação nos concursos, outros nem tanto, e por último outros
muito pouco.
Pois
o facto de que o canário se destaque em alguns determinados giros não garante que seja bom nos outros que se indicam na
ficha de julgamento, o que se observou é que muitos destes exemplares limitam-se a repetir os mesmos giros (digo giros e não notas) em prejuizo de um amplo repertorio e ficam com uma ficha de julgamento quase
vazia, naturalmente, que também existem exemplares extraordinários desde o
ponto de vista do repertório, embora, neste caso, tenham menos giros
descontínuo.
17)
"Um aficionado de vocês se tem
ideia desse termo de comparação, posso afirmar sem nenhum receio de me enganar que
nunca nenhum canário 'clássico' dos muitos que tem sido campeões do Mundo na variedade de Timbrado Espanhol, tenha premiado num concurso da categoria de Oviedo, Bilbau,
Puerto de Santa Marta, Lugo, CT Zaragoza, etc etc,. . ."
Como
é habitual e normal os juízes
actuam com lealdade
e aplicam o código e os critérios de julgamento
que tem obrigação de aplicar, e é
suposto que os exemplares campeões cantem no momento para conseguir o prémio mundial, a
diferença da pontuação nesses concursos,
se esses exemplares se apresentarem nos mesmos, deverá ser muito pequena, outra
coisa é querer insinuar que nos lugares
que se indica não se aplica por parte dos juízes os mesmos critérios regulamentares de julgamento,
pois isso seria um facto grave, já que todo o juiz desde que peça a sua entrada no C.N.J./F.O.C.D.E. como aspirante compromete-se
a cumprir o regulamento vigente, e os exemplares nos concursos não os deve julgar pelos gostos dos
aficionados nem de associações, nem sequer pelos gostos do juiz, mas pelas regras aprovadas de forma democratica nos organismos criados para o efeito.
Espero
que depois de terem lido este trabalho os aficionados tenham tirado as suas
proprias conclusões sobre as ideias expostas,
e algum se decida a escrever para
manifestar a sua opinião a seu respeito, o que proponho é que seja com um pouco mais de respeito para com a verdade e aficionados do
que aquilo que se indicou neste artigo
comentado.
Um
abraço para toda a “afición”.
Palma de Mallorca, a 31 de agosto de 1997.
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