19 de maio de 2013

Como criar Timbrados campeões do Mundo





Por: Juan Matilla

Amigo Alfredo envio-te as minhas experiencias tal como falamos que podem ser de algum interesse.
Estimados companheiros este depoimento não pretende influenciar nem muito menos ensinar aqueles que levam muito mais anos que eu a criar canários apenas tento explicar as minhas experiências que de momento tem sido frutíferas e porventura sirvam para alguém.
Eu comecei faz alguns  anos por criar pintassilgos  este bonito pássaro que tantos momentos inesquecíveis me fez passar embora rapidamente me chamou à atenção o canto do nosso timbrado espanhol, pelo seu tom metálico com uma canção prolongada e tão variada que de verdade me cativou e desde então faz seis anos que comecei esta tarefa tentando aprovisionar-me dos melhores exemplares junto dos melhores criadores contatei pessoalmente com o maestro Álvaro Guillén que conhecia telefonicamente pois eu era sócio da S.O.M. e graças às suas indicações e explico isto porque numa das minhas visitas a sua casa trouxe um canário F-1 e comecei a desenvolver uma  linha que alguém me comentou que vindo de canário silvestre e chegando ao F-3 se podiam conseguir bons exemplares e efetivamente isto aconteceu. Consegui uns canários de canto muito suave e melodioso um pouco assilvestrados que de verdade dão à nota, entretanto quero também explicar que a princípio os resultados não foram os desejados. Os resultados apareceram quando comecei a preocupar-me em eleger as fêmeas com o mesmo esmero que elegia os machos, e só a partir deste momento apareceram os bons resultados as fêmeas para esta linha tem que ter um  peito largo com uma capacidade torácica o mais ampla possível, também me disseram que os primeiros cruzamentos são feitos com fêmeas verdes e posso-vos assegurar que isso não é necessário o que é preciso é que o canário silvestre passe toda uma temporada no voador das fêmeas para se acostumar a elas. Na alimentação uso sementes de primeira qualidade principalmente no que diz respeito à sua limpeza, algo que para mim é de vital importância, a higiene tem que ser extrema para evitar as doenças se houver uma boa limpeza menos probabilidade há de haver essas doenças, para as crias utilizar o embuchado sempre que o tempo o permita pois as crias desenvolvem-se de forma mais rápida e ao mesmo tempo proporcionar-lhes antibiótico nos primeiros dias sem prejudicar com as mães que estarão provavelmente preparando-se para a seguinte postura e todos sabemos que é totalmente proibidos os antibióticos durante a gestação. Quanto à educação dos novos exemplares, primeiro é necessário que tenham capacidade, se a tiverem é possível ensinar-lhes tudo o que queiramos, se quisermos campainha, que a escutem  e de certeza que a emitam, se notarmos que lhe falta outra nota seguiremos o mesmo método que escutem um maestro que tenha essa nota, ou um CD. etc.etc. embora eu conte com uma vantagem que a maioria não tem é que eu moro em plena serra de Gredos e meus canários passam grande parte de sua vida no exterior onde efetuam a muda e aqui temos a sorte de estar escutando durante toda a noite muitas aves silvestres mas especialmente o rouxinol canta toda a noite até ao amanhecer, enfim cada mestre com seu método, pelo menos para mim gosto que os criadores da nossa pequena sociedade me contem as suas experiencias e dar-mos conselhos uns aos outros para que possamos ter bons resultados. Antes de despedir-me permitam-me  agradecer ao meu amigo de La Palma  José Hernández por sua contribuição a este meu depoimento .

 

Como obtive um pássaro de 94 pontos



Por: Francisco García

 
No ano de 2000 tive a sorte de criar uma equipa de pássaros, Canários Timbrados Espanhóis, que obtiveram muitos bons resultados pelos concursos que passaram. A equipa era formada  pelos portadores das  anilhas desse ano 250-R 32, 33, 34 e 35. Os seus pais procediam do criador Antonio Orta Mateo, de Saragoça, e chegaram a mim, a princípios  de 99, através de Vidal Muñoz Iglesias de Ecija, com a recomendação  de os  acasalar  tal como vinham, um macho e  duas fêmeas  todos nascidos no ano  98. No ano de  99 não consegui  tirar nenhuma cria com eles, os ovos saíram todos  goros ou pássaros  mortos  dentro do ovo, a  finais  de Junho ainda  consegui  criar um que morreu  durante a  muda, pensei que fosse por falta de adaptação ao seu novo ambiente ou que os pais tivessem muita  consanguinidade.

No ano de  2000 voltei a juntá-los e nesta altura o resultado foi tirar 8 crias  de uma das fêmeas e uma  de outra  que, por acaso morreu. Das  8 os  primeiros 7 saíram  machos  e  uma fêmea, a da outra fêmea  saiu também fêmea.

Esta  equipa  passou  por 8 concursos e foi  avaliada  por sete juizes diferentes, chegando um deles a desclassificá-la  de  insuficiente por não ter timbres. A  pontuação  media individual obtida nos outros concursos oscilou  entre 90 e 91 pontos, sendo a  pontuação  mais baixa de  89 e a  mais  alta de 94. A  pontuação  na  equipo mais baixa foi de 360 pontos  e a mais  alta de 372. Entre os juizes  estavam representadas as duas  tendências  actuais, por todos conhecidas, chegando ao  extremo de um deles os desclassificar  por insuficientes e o que lhe deu  372 pontos por equipas com  20 em floreios e  floreios lentos e de 21 a 24 pontos em variações  conjuntas, 3 em timbres e  0 em rodadas e  timbres de água. Os outros também  pontuaram bem, destacando-se os floreios e  conjuntas mas sem chegar  a dar-lhes tantos  pontos,  a diferença foi repartida entre as rodadas e os timbres de água.

Os  4 pássaros que formaram a  equipa  de campeões  pertenciam à primeira  postura, de 4 ovos, do mês de Março.

Os  três irmãos  machos da outra postura desenvolveram um canto de menor qualidade, talvez, os tivesse metido nas gaiolas de canto  antes de tempo.

Por tudo isto  considero oportuno escrever este artigo  no  qual tentarei fazer um apanhado desde que comecei a preparação para a criação  até  ao fim dos concursos.

Preparação  para a criação. Distribuição dos pássaros

Uma  bateria vertical de quatro gaiolas de metro, em  cada gaiola um macho com as duas fêmeas correspondentes separados pelos separadores de barrotes. Além disto noutra gaiola de metro havia duas fêmeas que utilizei  como madrastas, num  total de 10 fêmeas e  4 machos, com três linhas de canto diferentes, a procedente do Sr. Orta e outras duas  que levava criando fazia    algum tempo.

Aumento das horas de luz

A partir de  1 de Janeiro fui aumentando as horas de luz, com luz artificial a razão de  15 minutos por  semana até chegar às  12 horas de iluminação diária, o aumento de luz fi-lo pela manhã com um relógio que acendia a  luz e ligava o rádio ao mesmo tempo, a  luz apagava-se enquanto  a  luz natural fosse  suficiente  e  o rádio  a funcionar até ao entardecer,  sintonizado  numa estação que só emitia  música clássica.

Tratamento medicinal

Receberam  tratamento  medicinal  segundo o calendário seguinte:

1 de Janeiro Vermicida.
2 a  6 de Janeiro Anti-estresse.
7 a  11 de Janeiro Complexo B.
12 a  16 de Janeiro Anti-estresse.
17 a 21  de Janeiro  Complexo B.
21 a 26 de Janeiro  Anti-estresse.
27 a 31 de Janeiro  Complexo B.
1 a 20 de Fevereiro AD3E.

A partir desta data  20 dias de descanso e  depois  três dias AD3E e dois dias Vitamina E e dois dias de descanso,  até  que se faça a última postura, que é a segunda.

A  21 de Fevereiro  retiro os machos e leve-os  a outra  habitação em que há as mesmas condições de luz e temperatura  e levando-os  às fêmeas da  seguinte maneira: na última hora da  tarde levo-os a uma fêmea com a qual vai dormir, no dia seguinte pela  manhã  mudo-os para outra com a que  permanece aproximadamente uma hora, de seguida levo-os outra vez ao sitio onde estavam e faço assim até que as fêmeas ponham o quarto ovo.

As fêmeas  incubam e dão de comer sozinhas, quando as crias tiverem 15 dias  volto a deitar-lhe o macho durante uma hora por dia até à postura do quarto ovo.

Alimentação

As crias são  alimentadas com  uma mistura de papa de criação e ovo duro, brócolos e nabo germinado. Quando  começam a comer sozinhos mantenho-os  com papa de criação, já sem ovo duro, e o nabo germinado até garantir que comem alpista sem dificuldades, a partir desta altura alimento-os durante um mês só com alpista, a seguir  dou-lhe uma mistura de alpista e nabo na proporção de  75% e 25 %, respectivamente, esta pode variar em função  do  desenvolvimento do seu  canto até um máximo de 60% de alpista e  40% de nabo.

Voador

Quando os pássaros  começam a comer sozinhos, passo-os a voadores que estejam  situados  numa  habitação  contigua à da criação, pondo-lhe um rádio com música clássica todo o dia. Os  voadores são gaiolas de metro ou de 60 cm, dependendo do  número de pássaros que haja neles e em cada voador só haja irmãos de pai e mãe. Todos os voadores  estão juntos. Neste  caso concreto dos oito irmãos de pai e mãe e da meia-irmã  estavam num voador  de metro  situado  na  parte superior de uma  bateria de quatro gaiolas  iguais.

Durante a muda dou-lhes um complemento vitamínico apropriado para esta fase nas doses e tempo que indica o  preparado. Além disso observo-os  diariamente durante uma hora aproximadamente, se oiço algum pássaro que faça  giros não desejáveis separo-o.

Preparação para os concursos

A partir da terceira semana de Outubro  começo a pô-los nas gaiolas de canto e a organizar as equipas, as fêmeas ponho-as noutro sitio, as  equipas organizadas  são  postas  nas  suas caixas,  ficando  todas na  mesma habitação com  música clássica durante todo o dia. Esta habitação  tem uma vantagem com  persiana que permanece fechada todo o dia, as caixas   permanecem  destapadas  a maior  parte do dia,  por volta das três  da  tarde tapo-os  e  a partir das  seis vou-os  levando à cabina durante uns 15 minutos a partir daqui ficam  destapados até ao dia  seguinte.

© Francisco Garcia