Por: Francisco García
No ano de 2000 tive a sorte de criar
uma equipa de pássaros, Canários Timbrados Espanhóis, que obtiveram muitos bons
resultados pelos concursos que passaram. A equipa era formada pelos portadores das anilhas desse ano 250-R 32, 33, 34 e 35. Os seus
pais procediam do criador Antonio Orta Mateo, de Saragoça, e chegaram a mim, a princípios
de 99, através de Vidal Muñoz Iglesias
de Ecija, com a recomendação de os acasalar tal como vinham, um macho e duas fêmeas todos nascidos no ano 98. No ano de 99 não consegui tirar nenhuma cria com eles, os ovos saíram
todos goros ou pássaros mortos dentro do ovo, a finais
de Junho ainda consegui criar um que morreu durante a muda, pensei que fosse por falta de adaptação
ao seu novo ambiente ou que os pais tivessem muita consanguinidade.
No ano de 2000 voltei a juntá-los e nesta altura o resultado
foi tirar 8 crias de uma das fêmeas e uma
de outra que, por acaso morreu. Das 8 os primeiros
7 saíram machos e uma fêmea,
a da outra fêmea saiu também fêmea.
Esta equipa passou
por 8 concursos e foi avaliada por sete juizes diferentes, chegando um deles a
desclassificá-la de insuficiente por não ter timbres. A pontuação media individual obtida nos outros concursos
oscilou entre 90 e 91 pontos, sendo a pontuação
mais baixa de 89 e a mais alta de 94. A pontuação na equipo mais baixa foi de 360 pontos e a mais
alta de 372. Entre os juizes estavam
representadas as duas tendências actuais, por todos conhecidas, chegando ao extremo de um deles os desclassificar por insuficientes e o que lhe deu 372 pontos por equipas com 20 em floreios e floreios lentos e de 21 a 24 pontos em variações
conjuntas, 3 em timbres e 0 em rodadas e
timbres de água. Os outros também pontuaram bem, destacando-se os floreios e conjuntas mas sem chegar a dar-lhes tantos pontos,
a diferença foi repartida entre as rodadas e os timbres de água.
Os 4 pássaros que formaram a equipa de campeões pertenciam à primeira postura, de 4 ovos, do mês de Março.
Os três irmãos machos da outra postura desenvolveram um canto
de menor qualidade, talvez, os tivesse metido nas gaiolas de canto antes de tempo.
Por tudo isto considero oportuno escrever este artigo no qual
tentarei fazer um apanhado desde que comecei a preparação para a criação até ao
fim dos concursos.
Preparação para a criação. Distribuição dos pássaros
Uma bateria vertical de quatro gaiolas de metro, em
cada gaiola um macho com as duas fêmeas correspondentes
separados pelos separadores de barrotes. Além disto noutra gaiola de metro
havia duas fêmeas que utilizei como madrastas,
num total de 10 fêmeas e 4 machos, com três linhas de canto diferentes,
a procedente do Sr. Orta e outras duas que levava criando fazia já algum
tempo.
Aumento das horas de luz
A partir de 1 de Janeiro fui aumentando as horas de luz, com
luz artificial a razão de 15 minutos por
semana até chegar às 12 horas de iluminação diária, o aumento de
luz fi-lo pela manhã com um relógio que acendia a luz e ligava o rádio ao mesmo tempo, a luz apagava-se enquanto a luz
natural fosse suficiente e o rádio
a funcionar até ao entardecer, sintonizado numa estação que só emitia música clássica.
Tratamento medicinal
Receberam tratamento medicinal segundo o calendário seguinte:
1 de Janeiro Vermicida.
2 a 6 de Janeiro Anti-estresse.
7 a 11 de Janeiro Complexo B.
12 a 16 de Janeiro Anti-estresse.
17 a 21 de Janeiro Complexo B.
21 a 26 de Janeiro Anti-estresse.
27 a 31 de Janeiro Complexo B.
1 a 20 de Fevereiro AD3E.
2 a 6 de Janeiro Anti-estresse.
7 a 11 de Janeiro Complexo B.
12 a 16 de Janeiro Anti-estresse.
17 a 21 de Janeiro Complexo B.
21 a 26 de Janeiro Anti-estresse.
27 a 31 de Janeiro Complexo B.
1 a 20 de Fevereiro AD3E.
A partir desta data 20 dias de descanso e depois três
dias AD3E e dois dias Vitamina E e dois dias de descanso, até que
se faça a última postura, que é a segunda.
A 21 de Fevereiro retiro os machos e leve-os a outra habitação em que há as mesmas condições de luz
e temperatura e levando-os às fêmeas da seguinte maneira: na última hora da tarde levo-os a uma fêmea com a qual vai
dormir, no dia seguinte pela manhã mudo-os para outra com a que permanece aproximadamente uma hora, de seguida
levo-os outra vez ao sitio onde estavam e faço assim até que as fêmeas ponham o
quarto ovo.
As fêmeas incubam e dão de comer sozinhas, quando as
crias tiverem 15 dias volto a deitar-lhe
o macho durante uma hora por dia até à postura do quarto ovo.
Alimentação
As crias são alimentadas com uma mistura de papa de criação e ovo duro,
brócolos e nabo germinado. Quando começam
a comer sozinhos mantenho-os com papa de
criação, já sem ovo duro, e o nabo germinado até garantir que comem alpista sem
dificuldades, a partir desta altura alimento-os durante um mês só com alpista, a
seguir dou-lhe uma mistura de alpista e
nabo na proporção de 75% e 25 %, respectivamente,
esta pode variar em função do desenvolvimento do seu canto até um máximo de 60% de alpista e 40% de nabo.
Voador
Quando os pássaros começam a comer sozinhos, passo-os a voadores
que estejam situados numa habitação contigua à da criação, pondo-lhe um rádio com
música clássica todo o dia. Os voadores
são gaiolas de metro ou de 60 cm, dependendo do número de pássaros que haja neles e em cada
voador só haja irmãos de pai e mãe. Todos os voadores estão juntos.
Neste caso concreto dos
oito irmãos de pai e mãe e da meia-irmã estavam num voador de metro situado na parte
superior de uma bateria de quatro gaiolas
iguais.
Durante a muda dou-lhes um complemento
vitamínico apropriado para esta fase nas doses e tempo que indica o preparado. Além disso observo-os diariamente durante uma hora aproximadamente,
se oiço algum pássaro que faça giros não
desejáveis separo-o.
Preparação para os concursos
A partir da terceira semana de Outubro
começo a pô-los nas gaiolas de canto e a
organizar as equipas, as fêmeas ponho-as noutro sitio, as equipas organizadas são postas
nas suas caixas, ficando
todas na mesma habitação com música clássica durante todo o dia. Esta
habitação tem uma vantagem com persiana que permanece fechada todo o dia, as
caixas permanecem destapadas a maior parte do dia, por volta das três da tarde tapo-os e a
partir das seis vou-os levando à cabina durante uns 15 minutos a
partir daqui ficam destapados até ao dia
seguinte.
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