6 de julho de 2014

Antecendes do Canário de Canto Espanhol Descontinuo


Entre finais dos anos quarenta e princípios dos anos cinquenta, partindo do indefinido canário do País, que apesar da sua mistificação não deixava de ser mais que um canário comum criado em Espana, começou-se a trabalhar em prol de alcançar um canário de canto que fosse representativo da Canaricultura nacional. Se bem que o objectivo era apenas um, mas foram dois os caminhos elegidos para o conseguir, caminhos que, estavam longe de se converterem, e com o tempo foram-se separando cada vez mais, até ao ponto  de terminarem em modelos de canto claramente antagónicos.
 Na  F.O.E., pela mão, principalmente, de Garrido, Serrano, Crespo, Pulido e Lacomba, seleccionou-se um canário de canto metálico, alegre, variado e de repertório estereotipado, primando a emissão de giros de texto fonético limitado facilmente identificáveis,  onde se  destacavam os timbres, o CHAU e o PIAU, considerados básicos e hereditários e que conferiam grande homogeneidade no conjunto dos exemplares. Como a base da canção deste tipo de canário eram os timbres se dominou Timbrado Espanhol.
 Paralelamente a esse trabalho, no  Grupo de Pássaros do Sindicato Nacional de Ganaderia, se levava a cabo outro trabalho muito diferente e tendente com o objectivo de alcançar um  canto baseado em giros de ritmo não continuo e de texto fonético ilimitado, preconizado, principalmente ou mesmo exclusivamente, por Drove , Ruiz, Rico, Pérez Manso, Ecalle y Bouzo , que procuravam canários que se  destacassem por seus dotes interpretativos e cujo canto fosse valorizado mais pelas suas qualidades e excelências musicais. Estes autores denominaram este de canário de Canto Espanhol ou Cantor Espanhol, canários estes criados nos princípios do século nalgumas comarcas catalãs, principalmente na zona de Vich, dos quais apenas havia algumas referências idealizadas, até que Drove os redescobriu nas Astúrias. Estes canários asturianos dos anos cinquenta, que pouco a pouco se foram estendendo por toda a geografia espanhola, constituem a origem dos actuais canários de Canto Espanhol Descontinuo.
 O nosso agradecimento e reconhecimento aos criadores asturianos dos anos cinquenta, sem eles não poderíamos, hoje,  perceber o moderno Canário de Canto Espanhol Descontinuo.
O canário do País era, supostamente e segundo  pensam os canaricultores da época, o descendente directo mais puro dos primeiros canários silvestres criados em cativeiro em Espanha, por isso supõe-se que o seu genótipo e fenótipo eram os mais próximos do seu  antepassado selvagem, embora, seja  impossível falar deste tipo de canários como fazendo parte da criação de uma raça, já que os canários do País careciam da homogeneidade fenotípica, a grosso modo, que caracterizam as raças fixadas e  seleccionadas, pelo menos no que se refere ao canto; posto que em  Barcelona nos anos 30 do seculo  XX se celebravam concursos da variedade do País, se bem que na modalidade de postura (origem do actual canário de Raça Espanhola).
 Do canário do País espanhol surgiram, por selecção, mediante cruzamentos com raças estrangeiras, canários silvestres e inclusivé através da hibridação com milharinhas, várias raças, ainda que algumas delas não tenham sido reconhecidas até à poucos anos. Assim, se lermos os artigos da época, as referências em livros de canaricultura, espanhóis e estrangeiros, e os cruzamentos que se falavam neles, comprovaremos que se mistura a origem dos canários de Raça Espanhola (Catalunha), do Timbrado (Madrid), do Giboso Espanhol (Sevilha), do Melado Tinerfeño e do Larguillo (Valência). Ainda que o  Canário Canto Espanhol Descontinuo sempre se tenha amparado pelo  standard do Timbrado, nosso canário de canto baseado nos ritmos não contínuos, surgindo na mesma época que o Timbrado, de forma paralela e independente, nas  Astúrias.



                                                                        

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