Por: José L.Clemente Lillo, Juiz FOCDE e OMJ
Tradução: Diogo Santana
CAPITULO 4° – 1996
- Classificação atendendo à
estrutura fonética composição e variação das suas sílabas.
As notas dividem-se em únicas e múltiplas: Nota única é aquela que sempre tem a mesma composição e estrutura fonética. Ou seja, as sílabas que a compõem são sempre idênticas.
Exemplos: Cascavel (lin)
Variações Rodadas - Consoante única "r", que pode ser acompanhada com a vogal "e" (re); com a vogal "o" (ro) e com a vogal "u" (ru).
Nota múltipla é aquela que a composição e estrutura fonética é muito variável, manifestando-se de diversas e incontáveis formas pela variação das sílabas que a podem compor.
Exemplos: Floreios, Floreios Lentos e Variações Conjuntas
- Classificação de acordo com o carácter positivo ou negativo.
São notas positivas aquelas que aportam um valor meritório e de qualidade à canção e que merecem uma qualificação expressada em pontos positivos podendo ser maior ou menor a pontuação que obtenha a qualidade da nota. As notas positivas são as que referimos anteriormente com a sua correspondente pontuação.
Entende-se por notas negativas no canto do canário todo o som desagradável que possa romper a melodiosa beleza da sua emissão. Por serem consideradas como faltas dentro do bom canto tem uma pontuação contrária ou negativa.
As notas dividem-se em únicas e múltiplas: Nota única é aquela que sempre tem a mesma composição e estrutura fonética. Ou seja, as sílabas que a compõem são sempre idênticas.
Exemplos: Cascavel (lin)
Variações Rodadas - Consoante única "r", que pode ser acompanhada com a vogal "e" (re); com a vogal "o" (ro) e com a vogal "u" (ru).
Nota múltipla é aquela que a composição e estrutura fonética é muito variável, manifestando-se de diversas e incontáveis formas pela variação das sílabas que a podem compor.
Exemplos: Floreios, Floreios Lentos e Variações Conjuntas
- Classificação de acordo com o carácter positivo ou negativo.
São notas positivas aquelas que aportam um valor meritório e de qualidade à canção e que merecem uma qualificação expressada em pontos positivos podendo ser maior ou menor a pontuação que obtenha a qualidade da nota. As notas positivas são as que referimos anteriormente com a sua correspondente pontuação.
Entende-se por notas negativas no canto do canário todo o som desagradável que possa romper a melodiosa beleza da sua emissão. Por serem consideradas como faltas dentro do bom canto tem uma pontuação contrária ou negativa.
Existem
três notas negativas:
Rascada:
Que se penaliza com um máximo 3 pontos negativos.
Estridência: Tem uma penalização com um máximo de 3 pontos negativos.
Estridência: Tem uma penalização com um máximo de 3 pontos negativos.
Nasalidade: Que se penaliza com 3 pontos de máxima pontuação negativa.
Alguma História:
O canário de que falamos foi chamado originalmente de Canário do País. Posteriormente Canário de Canto Timbrado
Espanhol e também Canário de Canto Espanhol
(Timbrado), denominação também admitida
pelo Colégio Nacional de Juízes da Federação Ornitológica Cultural Desportiva Espanhola,
e que utilizamos neste momento indistintamente com a tradicional de Canário
Timbrado Espanhol, ainda que se conste que a única denominação que tem carácter
oficial é esta última, tanto a nível nacional como
internacional. Este canário tem muitas afinidades na estrutura fonética do seu
canto com as outras duas raças de canários de canto reconhecidas pela Confederação Ornitológica Mundial, o Harzer (Roller) alemão e o canário belga Malinois (Waterslager). Isto não é de estranhar, visto
que a origem é comum para as três modalidades de canto, o canário
silvestre das Ilhas Canárias, que pela
sua evolução, criação em cativeiro, ensino e seleção para determinada modalidade ou estilo de canto,
todas elas derivaram dele. Por ordem de aparecimento o primeiro foi o Canário de Canto Espanhol que continua sendo o mais próximo do canário silvestre no
que diz respeito ao repertório de canto. Dele saíram muitos anos depois, as outras
duas raças de forma quase simultânea.
Na região montanhosa alemã do Harz os criadores de canários, na maior parte mineiros e pequenos artesãos, concentraram as suas preferências para um canário de canto doce e rolador, daí veio a denominação de canário do Harz ou Roller, que reflete a sua origem alemã e a característica do seu canto, e que desta maneira se denominou, Canário de Canto Alemão. Tendo-se também em conta que naquela época se criava na Alemanha o canário Saxónico (da Saxónia) que era um canário comum de canto que os alemães exportavam em grandes quantidades.
Simultaneamente, enquanto os alemães centravam as suas preferências para esta modalidade de canto, os aficionados belgas orientavam o seu trabalho e esforços com o fim de obter um canto parecido ao do rouxinol (arrouxinalado), cuidando com esmero o seu ensino e seleção adequada, com especial preferência e perfeição nas notas de agua. O canto arrouxinalado foi desenvolvendo-se e impondo-se com a devida disciplina.
Conseguidos os fins procurados se chamou a este canário o Belga Waterslager ou Canário de Canto Belga. Devido a que na vila de Malinas se obtiveram os melhores e mais afamados cantores, por este motivo foi denominado, Canário de Canto Malinois, ou simplesmente Malinois, denominação que acabou por se impor e como atualmente se conhece mundialmente.
Para se conhecer o canto deve-se fazer referência ao que se deve valorizar, em teoria e na pratica, um canário de canto. Trata-se de se conhecer as suas qualidades e virtudes, o mesmo que para os seus defeitos, e poder fazer um resumo de todos os aspetos das suas notas, giros ou variações, tanto positivos como negativos. Para isso se dá um valor em pontos às notas individualmente consideradas e ao computo total do exemplar, somando as positivas e subtraindo as negativas, formando tudo isso o valor canoro que entendemos no seu conjunto como o canto.
Anteriormente davam-se pontuações máximas às notas positivas e negativas a cada uma delas se fosse caso para isso. Este máximo de pontos é divisível por três. A divisibilidade por três das notas é regra de ouro nos códigos de qualificação e todas as raças de canários de canto reconhecidas pela Confederação Ornitológica Mundial são fundamentalistas na sua aplicação para que haja uma boa qualificação dos exemplares de canto dos competidores, pelo que não se deve admitir nem reconhecer-se nenhum outro sistema de outorgar pontuações que não tenham estas características tão especiais. A não divisão por três implica graves carências ou defeitos no momento de valorizar os canários de canto por parte dos juízes, já que é o instrumento que lhes permite fazer a classificação ou valorização, como mais adiante veremos, para estabelecer o valor de uma nota ou variação suficiente, boa ou muito boa, segundo sejam os méritos e benefícios que exiba o canário na emissão da mesma.
Em linhas gerais, o que entendemos por canto? Existe internacionalmente uma definição muito acertada: "O canto é um conjunto de notas herdadas e de notas aprendidas sob a influência do meio ambiente. Este conjunto é transformado pelo canário numa canção". Segundo esta definição o canto é herdado mas também aprendido de outros pássaros.
Para poder analisar o canto há que conhecer, ainda que seja elementar, determinadas regras e o método ou sistema a seguir para esse fim. Precisamos de ter algumas ideias concretas sobre cada uma das notas e suas variações e do conjunto do repertório. Só assim, compreenderemos o canto e podê-lo apreciar e quanto mais o conhecemos mais nos interessaremos pela sua perfeição, sendo isto aplicável a todas as raças de canários de canto existentes.
O Canário de Canto Espanhol (Timbrado), por ser o herdeiro mais direto do canário silvestre, tem um canto natural em muitas das suas notas até mesmo muito desenvolvidas e aperfeiçoadas depois de largos anos de seleção, e outras tem sido ensinadas artificialmente por diversos métodos, o que se encaixa com a definição dada anteriormente do que se entende por canto.
Para compreender o mecanismo do canto, há que ir pouco a pouco, sem pressas, procurando assimilar os conceitos teóricos em que se fundamenta e indo aplicando-os à prática diária. A canção é um conjunto ou sucessão, foneticamente falando de sílabas e frases que constituem sons que podem ser simples ou compostos. O conjunto do repertório, composto por diversas notas, tem uma cadência ou ritmo que varia em mais ou menos rápido, chegando a ser muito rápido e muito lento e os sucessivos sons manifestam-se num movimento que estabelece a forma de executar as notas e a sua qualidade.
Na região montanhosa alemã do Harz os criadores de canários, na maior parte mineiros e pequenos artesãos, concentraram as suas preferências para um canário de canto doce e rolador, daí veio a denominação de canário do Harz ou Roller, que reflete a sua origem alemã e a característica do seu canto, e que desta maneira se denominou, Canário de Canto Alemão. Tendo-se também em conta que naquela época se criava na Alemanha o canário Saxónico (da Saxónia) que era um canário comum de canto que os alemães exportavam em grandes quantidades.
Simultaneamente, enquanto os alemães centravam as suas preferências para esta modalidade de canto, os aficionados belgas orientavam o seu trabalho e esforços com o fim de obter um canto parecido ao do rouxinol (arrouxinalado), cuidando com esmero o seu ensino e seleção adequada, com especial preferência e perfeição nas notas de agua. O canto arrouxinalado foi desenvolvendo-se e impondo-se com a devida disciplina.
Conseguidos os fins procurados se chamou a este canário o Belga Waterslager ou Canário de Canto Belga. Devido a que na vila de Malinas se obtiveram os melhores e mais afamados cantores, por este motivo foi denominado, Canário de Canto Malinois, ou simplesmente Malinois, denominação que acabou por se impor e como atualmente se conhece mundialmente.
Para se conhecer o canto deve-se fazer referência ao que se deve valorizar, em teoria e na pratica, um canário de canto. Trata-se de se conhecer as suas qualidades e virtudes, o mesmo que para os seus defeitos, e poder fazer um resumo de todos os aspetos das suas notas, giros ou variações, tanto positivos como negativos. Para isso se dá um valor em pontos às notas individualmente consideradas e ao computo total do exemplar, somando as positivas e subtraindo as negativas, formando tudo isso o valor canoro que entendemos no seu conjunto como o canto.
Anteriormente davam-se pontuações máximas às notas positivas e negativas a cada uma delas se fosse caso para isso. Este máximo de pontos é divisível por três. A divisibilidade por três das notas é regra de ouro nos códigos de qualificação e todas as raças de canários de canto reconhecidas pela Confederação Ornitológica Mundial são fundamentalistas na sua aplicação para que haja uma boa qualificação dos exemplares de canto dos competidores, pelo que não se deve admitir nem reconhecer-se nenhum outro sistema de outorgar pontuações que não tenham estas características tão especiais. A não divisão por três implica graves carências ou defeitos no momento de valorizar os canários de canto por parte dos juízes, já que é o instrumento que lhes permite fazer a classificação ou valorização, como mais adiante veremos, para estabelecer o valor de uma nota ou variação suficiente, boa ou muito boa, segundo sejam os méritos e benefícios que exiba o canário na emissão da mesma.
Em linhas gerais, o que entendemos por canto? Existe internacionalmente uma definição muito acertada: "O canto é um conjunto de notas herdadas e de notas aprendidas sob a influência do meio ambiente. Este conjunto é transformado pelo canário numa canção". Segundo esta definição o canto é herdado mas também aprendido de outros pássaros.
Para poder analisar o canto há que conhecer, ainda que seja elementar, determinadas regras e o método ou sistema a seguir para esse fim. Precisamos de ter algumas ideias concretas sobre cada uma das notas e suas variações e do conjunto do repertório. Só assim, compreenderemos o canto e podê-lo apreciar e quanto mais o conhecemos mais nos interessaremos pela sua perfeição, sendo isto aplicável a todas as raças de canários de canto existentes.
O Canário de Canto Espanhol (Timbrado), por ser o herdeiro mais direto do canário silvestre, tem um canto natural em muitas das suas notas até mesmo muito desenvolvidas e aperfeiçoadas depois de largos anos de seleção, e outras tem sido ensinadas artificialmente por diversos métodos, o que se encaixa com a definição dada anteriormente do que se entende por canto.
Para compreender o mecanismo do canto, há que ir pouco a pouco, sem pressas, procurando assimilar os conceitos teóricos em que se fundamenta e indo aplicando-os à prática diária. A canção é um conjunto ou sucessão, foneticamente falando de sílabas e frases que constituem sons que podem ser simples ou compostos. O conjunto do repertório, composto por diversas notas, tem uma cadência ou ritmo que varia em mais ou menos rápido, chegando a ser muito rápido e muito lento e os sucessivos sons manifestam-se num movimento que estabelece a forma de executar as notas e a sua qualidade.
CAPITULO 5° – 1996
O Timbrado
é rico em notas claras, altas, sons de
timbre metálico, também de tons baixos, ocos e aquosos, notas que contrastam entre si, unidas
por passagens harmoniosamente fundidas. As
características gerais do canto devem
ser: Canto alegre, metálico, vigoroso, variado, que mude em intensidade, notas emitidas em todos os
tons, com intervenção de diversas consoantes e vogais, com distintos ritmos de
emissão formando um canto alegre, sonoro, de rápida e rítmica ligação no seu
conjunto, mudando as metálicas com as graves, as ocas e as aquosas e com a profusão
das compostas (conjuntas) ou notas em duo. Não deve ter estridências nem dar chilreios
desagradáveis, nem realizar tons excessivamente ocos ou profundos. Falando em
termos gerais, as condições que deve reunir todo o canário de canto, em
qualquer das raças, podem-se definir assim:
"O canto do canário será sempre um canto artístico e com uma
musicalidade o mais melodiosa e agradável, que deverá satisfazer e ajustar-se em todo o momento ás exigências da sua própria raça, às suas próprias peculiaridades básicas e ao
Código de qualificação que tenha sido estabelecido". O canário Timbrado Espanhol
é o mais antigo vinculo das muitas raças criadas em todo o mundo, todas com a
mesma origem comum, o tronco de origem que foi o canário silvestre das Ilhas Canárias. Sendo o que está mais vinculado e próximo do canário
silvestre, diferencia-se para melhor na medida em que suas notas foram enriquecidas, sistematizadas no
âmbito de uma disciplina, incluindo-lhe
novas variações e impondo-lhe uma forma de as emitir que, conservando em parte a sua originalidade,
fosse agradável e atrativa ao ouvido e com uma cadencia ligada no seu distinto repertório, procurando eliminar as acuidades
e imperfeições desagradáveis musicalmente. Ainda que a seleção desta raça e o melhoramento
do seu canto se tenha desenvolvido a passo largos nos últimos vinte anos e se tem fixado em considerável proporção, não
se chegando à sua perfeição por ser um canário
que embora esteja em período de
desenvolvimento e aperfeiçoamento do seu canto, pela aparição de novas variações nas suas notas e novas estirpes ou linhas de canto com diversas
formas de execução do repertório. Isso é
fruto do esforço dos numerosos criadores existentes em Espana e
igualmente em alguns países hispano- americanos, e pelo sacrificado trabalho de orientação e encantamento cultural
que vem desenvolvendo os juízes pertencentes ao Colégio Nacional de Juízes da Federação
Ornitológica Cultural Desportiva Espanhola, no momento da qualificação dos exemplares nos numerosos concursos que se celebram por toda a
Espana (a nossa Federação conta com umas
260 sociedades de canaricultores repartidas por toda a geografia nacional).
Podermos
afirmar por ultimo, que será a qualidade do som que faz com que se distingam os
sons emitidos por instrumentos diferentes, ou seja, o timbre será a qualidade do
som que nos permite diferenciar iguais
notas emitidas por instrumentos diferentes e que diz respeito à complexidade das vibrações, ou seja, com a
presença de harmónicos sobrepostos ao
som fundamental.
O que é música? - De acordo com o Dicionário da Real Academia da Língua Espanhola,
podemos dizer que a musica é a arte de combinar os sons com o tempo, de modo
que produza deleite ao escutá-los, comovendo
a sensibilidade do ouvinte. Os três elementos essenciais da musica são: Ritmo,
Melodia e HarmoniaDevem
tratar-se as notas ou giros na sua melhor
expressão, as mais formosas e puras, que
sejam bem emitidas e com boa definição, perfeitamente
catalogadas dentro do repertório do canto que consta a ficha de julgamento.
Ficha
de julgamento, que não tenhamos nenhuma dúvida quando ouvimos uma nota sobre a
sua estrutura e por conseguinte se enquadre com a mesma. O canário de qualidade é o mais fácil de qualificar,
já que ao emitir o repertório claro,
preciso, cada nota com sua correspondente composição silábica, o ritmo de emissão
bem delimitado, boa dicção, sons claros, boa ligação do repertório, bom gosto
no canto, e melodia no conjunto canoro,
sem estridências nem giros desagradáveis
ao ouvido, etc., faz com que possam classificar sem dúvidas as notas que
estamos escutando e a sua rápida valorização
em pontos. Pelo contrario, aqueles canários que emitem notas confusas, medíocres,
vulgares ou mal pronunciadas, com
deficiente vocalização, abundância de consoantes, que podem induzir ao Juiz uma margem de erro que, às vezes, se tem
dúvida sobre se é uma coisa ou outra, são mais complicados de julgar, ainda
que o Juiz sempre tem a convicção de
que, ao não serem pássaros excelentes, não
possam aspirar a uma boa pontuação e ficarem numa categoria mais inferior e
dar-lhe um ponto a mais ou a menos. As denominadas " linhas de canto devem-se
criar com a maior separação possível, procurando a sua pureza, fugindo de
improcedentes cruzamentos realizados ao acaso, sem ordem nem concerto, por ser extremamente
prejudicial, sendo a sua consequência a obtenção
de sons desagradáveis, com rasgos, má dicção, sujos, duros, agudos e estridentes, que impedem as expressões
claras e limpas das notas, cujo carácter
se deve mais importante.
Recolhemos a opinião manifestada na Revista "Nossos Canários" do ano 1956, pelo Juiz especialista internacional D. Salvador March Carnasa, na ocasião do IV Campeonato do Mundo da C.I.C., em Barcelona, ao apresentar a associação de Canaricultores Espanhóis, de Madrid, determinados timbrados à consideração dos especialistas internacionais de canários de canto. Dizia o Sr. Marcha: "O canto gostei muito e impressionou- me grandemente sobretudo pelo seu vigor. Possui trinos de água muito doces e definidos, muitas variedades de notas, batidas e lingual-palatinadas, com toda uma boa gama de tons que lhe conferem uma característica geral muito briosa e alegre". "A minha cordial felicitação à Associação de Canaricultores Espanhóis que, sem sair do canário de origem, de todas as raças, conseguiram depurá-lo e dignificá-lo, ficando à altura que na realidade já deveria ter estado há mais tempo". Observamos a menção especial que faz sobre a existência de notas de agua muito doces, devido a que atualmente existia uma certa polémica sobre elas e que a seu momento analisaremos.
O canto do canário tem as suas limitações porque não é possível que possam emitir todas as possíveis variações
do canto, muito mais no nosso canário espanhol, pela existência das denominadas notas múltiplas cuja
composição gramatical e fonética podem teoricamente chegar a ser muitas e incontáveis
as possíveis composições, pelo que devemos procurar a utilização dos conhecimentos científicos
para poder obter a melhoria na qualidade do canto, enobrecendo-o e aperfeiçoando-o ano após ano. Por isso recomenda-se
que, ao começar a criação, se procure a qualidade dentro da variedade de notas,
pelo que é imprescindível conhecer a estrutura das mesmas,
seu ritmo de emissão adequado, a qualidade dos sons, a ligação e a cadencia de
sons estridentes, desagradareis e turvos. Tem que se conseguir exemplares possuidores
de uma cultura de canto superior,
dotados de um órgão canoro que seja capaz de produzir sons metálicos em distintas
formas, mas também outros mais vazios
(ocos) e alguns aquosos com as suas diversas formas de se expressar, que proporcionem
melodias agradáveis pela sua doçura e não
sendo suficiente ou que não se encontrem
presentes notas mal emitidas e negativas. Sobre este assunto temos de dizer que
cada ano que passa vamos escutando canários com um canto mais belo, mais doce e
harmonioso e que emitam notas novas e distintas, que não existiam
entre as originais....
CAPITULO 6°
- 1997
O
que é que se valoriza no Canário de Canto Espanhol (Timbrado). Em termos gerais
há que considerar os seguintes fatores:
· a) A quantidade de notas ou giros que emita o canário
no repertório canoro.
· b) Dentro da quantidade de notas, as distintas variações
que no contexto de cada uma delas possa emitir, especialmente consideradas as
denominadas notas múltiplas, que já foram definidas anteriormente, que permitem
incontáveis variações na sua estrutura fonética
ou gramatical.
· c) A musicalidade
que tenham as notas, considerando como as melhores aquelas que soam agradavelmente
ao ouvido, com suavidade e doçura, sem estridências,
sem sons berrantes, duros ou agudos em excesso que roubam à mesma.
· d) A boa harmonia e ligação entre as notas que desenvolve
o pássaro na sua canção.
· e) A harmonia que exista no canto dos exemplares que participam por equipa.
· f) As notas ou
giros defeituosos que se considerem faltas negativa.
Cada
nota pode ser emitida de variadas formas e existem distintas quantidades delas,
de maneira que de um exemplar a outro podem existir variadas emissões e uma maior
ou menor quantidade de notas. Logicamente o exemplar que aporte maiores giros ou
variações e mais quantidade delas, terá maior
opção para poder obter uma melhor pontuação.
É
fundamental conseguir uma adequada qualidade musical dentro do repertório do
Timbrado, procurando e premiando o canto agradável ao ouvido que combine harmoniosamente e ligue com facilidade
as notas do repertório, rejeitando as emissões duras, berrantes, prejudiciais
pela sua grande agudez, especialmente nos tons fortemente metálicos que ferem a
sensibilidade do tímpano. Para isso é extremamente importante que o canário
articule e empregue na estrutura das notas as sílabas apropriadas a cada giro e
que o seu canto resulte fluido e belo, tendo em conta que todo o giro que fira o nosso ouvido deve ser considerado não desejável e deve-se procurar a sua eliminação.
Pela
enorme variação de notas que podem chegar
a cantar os Timbrados, segundo seja a sua
procedência ou lugar de criação e dependendo das preferências ou gostos dos
criadores, fica muito difícil chegar a
classificá-los sob algumas normas concretas de estirpes, de canto, além disso,
este cantor segue submetido a um processo de evolução que compreende tanto a perfeição
das notas existentes, como o aparecimento de novas notas que os criadores se esforçam
por conseguir. Está demonstrado que existe uma total relação entre a estrutura
morfológica da siringe do pássaro com a capacidade que ele tem em emitir esse
mesmo tipo de canto.
Fundamentalmente
em termos gerais, podem-se classificar duas direções ou linhas de canto: A direção seca e de água. A seca manifesta-se, por sua vez, em duas
variantes com características próprias e distintas, que são: A metálica, que tem
uma grande metalicidade na maioria
das suas notas, e a oca com sons e tons mais ocos no seu canto e com muito menos metalicidade, que se continua conservando.
Uma
das principais características do canto Timbrado, que por
muitos anos foi conhecida, era a da sua grande metalicidade por serem muito abundantes os canários de linha seca metálica que então se criavam e
concorriam aos concursos com abundância
com sons metálicos, carentes de variações aquosas. Esta direção de canto é capaz de produzir, quando é pura e selecionada, formosas emissões de variados repertórios e foi precisamente a que deu origem, anos atrás,
à atual denominação do canário de canto
Timbrado Espanhol pelo tom eminentemente
timbrado metálico ou de timbre metálico que tinham a maioria das suas notas.
A variante de canto seco oco tem muito menos
metalicidade nas suas distintas variações
e na qual existem notas que manifestam algo de oco na
sua estrutura.
Como é lógico, na direção seca, seja metálica ou oca, para ser pura não devem existir notas de agua.
Como é lógico, na direção seca, seja metálica ou oca, para ser pura não devem existir notas de agua.
A direção de água manifesta-se com uma maior especialização
na emissão de notas de água, as que se incluem
na ficha de julgamento. Há que ter em conta que as variações aquosas
normalmente não podem alcançar a maravilhosa dicção e aquosidade que expressam
os canários da raça Malinois, por
constituir as mesmas a maior especialização e característica desta raça. Também,
que o canto aquoso costuma influir no
resto do repertório do canário de Canto Espanhol (Timbrado) suavizando-lhe e dando-lhe maior doçura nalgumas das suas notas e absorvendo-lhe
algum porte aquoso.
As duas direções de canto mencionadas há que
considerá-las em termos gerais já que na pratica existem variadas expressões dentro
delas, segundo sejam as estirpes dos canários. Com frequência aparecem nos
concursos pássaros que, dotados de uma siringe prodigiosa, são capazes de emitir
notas metálicas junto às ocas, todas elas próprias da linha seca, combinando-as
com outras que correspondem à linha aquosa e também perfeitamente emitidas. Isto se deve aos múltiplos cruzamentos que realizam
os criadores com os seus exemplares. Pessoalmente,
em determinadas ocasiões julguei canários excecionais que tinham metade do seu repertório
muito metálico e variado, e a outra metade era extremamente pródiga em
excelentes notas de agua. A sua canção era uma maravilha que impressionava.
Para
a correta qualificação dos canários é imprescindível
a utilização de uma Ficha de Julgamento,
e o seu Regulamento, que seja o mais ampla possível nos seus conceitos, tanto em
quantidade de notas como em pontos disponíveis para cada uma delas. Estas qualidades
estão muito bem integradas na Ficha de Julgamento que há muitos anos vem
utilizando o Colégio Nacional de Juízes
da Federação Ornitológica Cultural Desportiva Espanhola (F.O.C.D.E) e que o O.M.J. da Confederação Ornitológica Mundial (C.O.M.) aprovou oficialmente, apresentada pela COM/Espanha no mês de Janeiro de 1995, no
Congresso de Udine (Itália) e que por ela se regeram nas sucessivas qualificações dos concursos de
canto deste canário, organizado pelo
Organismo mundial citado e também os Internacionais. Com isto se reconhece o grande trabalho que no desenvolvimento cultural da raça
Timbrado Espanhol tem vindo realizando
durante muitos anos o Colégio Nacional
de Juízes da F.O.C.D.E e seus Colegiais.
Felizmente para a “afición”, o reconhecimento desta Ficha de Julgamento teve como consequência direta com que na C.O.M. ficasse
anulada a existente que anteriormente
foi aplicada e pela qual vinham sendo julgados ultimamente os campeonatos mundiais. Ficha de Julgamento que se elaborou de forma extremamente precipitada, sem prévia consulta e debate
técnico dos órgãos correspondentes, que
foi apresentada em seu dia à C.O.M. de
forma arbitraria, anómala e antirregulamentar, sendo de ordem técnica
totalmente inadmissível pelos seus
erros, tanto na distribuição de pontos que estabelecia como nas denominações das notas, e a falta de uma correta
estrutura que não permitiam qualificar adequada
e corretamente os canários e que se tiveram
queixado desde o primeiro dia muitos dos
Juízes que a tiveram que aplicar nos
Mundiais. Foi um passo que se deu atrás na
medida em que prejudicou o desenvolvimento
cultural do canário Timbrado, com a grave circunstancia de em Espanha, a terem apresentado à C.O.M., não foi conhecida nem se chegou a aplicar em nenhum concurso das sociedades
ornitológicas do nosso País. Logicamente, o Colégio de Juízes nunca a reconheceu
nem aplicou.
Dentro
das duas direções de canto comentadas, tecnicamente são infinitos os giros ou variações que podem emitir os canários,
especialmente pela existência das denominadas notas múltiplas, já que estas admitem a possibilidade de indetermináveis
combinações gramaticais que se podem produzir.
Ainda que, como é lógico é impossível que nenhum exemplar possa chegar a
cantar todas elas, sempre existirá no seu canto uma maior especialização nalguns giros
sobre outros, uns alcançam uma expressão superior, de grande qualidade, e outros
serão comparativamente inferiores. Só exemplares excecionais chegam a ter um
amplo repertório que está unido a uma excelente qualidade do mesmo, pelo que se deve ter preferência na qualidade
sobre a quantidade das notas. É preferível um exemplar de menos repertório, mas
que tenha uma grande qualidade no mesmo, a outro que possua muitíssimas notas e que na sua maioria sejam medíocres. Para conseguir isto, além
do continuo trabalho de seleção que realizem
os criadores, é fundamental que a Planilha
ou Ficha de julgamento tenha uma ampla possibilidade
para outorgar pontos em cada uma das notas do repertório, que permita premiar adequadamente
o pássaro que emita excelentes variações sem importar que lhe possa faltar alguma delas e que na classificação de um
concurso fique por cima de outro pássaro
que emita completamente todas as notas da Ficha de Julgamento, mas cantadas a maioria com pouca qualidade, o que
vulgarmente se chama ou denomina um canário
“rouba pontos" já que em todas ganha pontos mas em nenhuma se destaca pela sua qualidade,
e o seu canto se desenvolve com mediocridade.
Por esta razão não seria aceitável desde um ponto de vista técnico, uma Ficha
de Julgamento estruturada de forma que, para que um exemplar fosse catalogado como de primeira
categoria, tivesse que emitir todas as notas integradas na mesma, e que no suposto de lhe faltar uma só delas não tivesse opção na categoria superior,
já que a dita Ficha de Julgamento na prática está primando a quantidade sobre a qualidade
e seria um fator determinante para premiar nos concursos canários de baixa
qualidade só pelo facto de serem capazes de cantar um amplo, mas medíocre repertório, ou seja os "canários “rouba pontos",
que ficariam melhor classificados que outros que possuindo uma maior bonomia
e qualidade no mesmo, fossem mais limitados no número dos giros.
CAPITULO 7° – 1997
Seguidamente
transcrevemos os conhecimentos gerais que figuram no Regulamento do Colégio Nacional de Juízes e que são de imprescindível conhecimento para se
poder conhecer o canto do canário, em
geral.
O
que percebemos primeiro quando um pássaro
expulsa o ar dos pulmões através da siringe, são uma
série de sons que podem ser perfeitamente
transcritos e representados num pentagrama, por meio dos diferentes signos e
notas musicais em uso, compondo com isso uma melodia ao cantar, criando musica, já que estes sons conjugam em si mesmos essas três
características fundamentais da música, como são: O Ritmo, a Melodia e a Harmonia.
Igualmente
poderemos distinguir e diferenciar claramente no sentido fonético, as vogais e as consoantes
que compõem as diferentes passagens musicais ou giros emitidos pelo canário na execução do seu canto.
É por tudo isso, que consideramos importante o
total conhecimento de todas aquelas características que acompanham o som como
agente físico e à musica como conjunto
de sons, ambos componentes essenciais do canto do canário e cujo conhecimento e
utilização nos servirá para uma maior compreensão em posteriores explicações da
Ficha de Julgamento e um maior conhecimento geral que nos ajudará muito na hora de nos fazermos entender pelos aficionados.
Para
começar, quando ouvimos cantar um canário, estamos ouvindo uns sons que em
principio poderão ser bons ou maus, segundo sejam musicais e melódicos, ou simplesmente que seja um ruído. Portanto, sendo
esta a primeira diferença clara que percebemos ao ouvir qualquer som, será necessário
saber em que consiste esta diferença.
Deve notar-se que teoricamente a diferença não é muito clara, já que às vezes um som musical pode dar a sensação de ruído e noutras um ruído pode adquirir qualidade musical, quando se associa a outros sons, mas, apesar disso, podemos dizer que a diferença reside fundamentalmente em que, enquanto no som musical é possível determinar a sua entoação e que as vibrações emitidas são regulares, no ruído, as vibrações são irregulares e não é possível determinar a sua entoação.
Deve notar-se que teoricamente a diferença não é muito clara, já que às vezes um som musical pode dar a sensação de ruído e noutras um ruído pode adquirir qualidade musical, quando se associa a outros sons, mas, apesar disso, podemos dizer que a diferença reside fundamentalmente em que, enquanto no som musical é possível determinar a sua entoação e que as vibrações emitidas são regulares, no ruído, as vibrações são irregulares e não é possível determinar a sua entoação.
Mas
vamos
definir já o que é o Som e assim poderemos dizer que é a sensação produzida no órgão
do ouvido pelo movimento vibratório dos corpos, transmitida através de um meio elástico
como pode ser o ar. O que se deduz que um
corpo só pode produzir som, se é capaz de vibrar e que ao transmitir-se o som por meio de ondas é necessário que essas vibrações se produzam num
meio elástico, já que no vácuo não se transmite som. A velocidade de propagação do som varia segundo o meio. Assim, no ar e a zero graus é de 331 m./seg. e aumenta a razão de 0,6 m/seg. ao aumentar um grau de temperatura.
As ondas produzidas por um som se movimentam
através do ar introduzindo-se no nosso tímpano
e passando posteriormente ao ouvido interno, onde estão situadas umas terminações nervosas
que transmitem estas sensações ao cérebro, o qual imediatamente identifica estes
sinais e nos dá resposta sobre o que estamos ouvindo, ou seja, por meio do tom dessas
vibrações, assim como dos harmónicos que os acompanham e a intensidade das mesmas,
nos identificará as características e procedência desse som.
No
sentido físico também podemos dizer que o Som é o agente que se manifesta em forma de energia vibratória
e que é a causa da sensação auditiva, enquanto as vibrações se manifestam dentro dos limites. O movimento
harmónico simples de um corpo vibrante transmite-se no meio elástico que o rodeia,
provocando nele uma série de compressões e refrações que se propagam afastando-se
da fonte do som. Esta perturbação forma um movimento ondulatório longitudinal e
como tal possui, além de uma velocidade
finita, propriedades de reflexão, refração, interferência e difração.
QUALIDADES
DO SOM:
As qualidades do som são três: tom ou frequência
fundamental, intensidade ou altura e timbre ou qualidade.
O
TOM:
É a
qualidade do som que nos permite distinguir um som grave de outro agudo e que consiste na maior ou menor rapidez das vibrações dos corpos sonoros, por unidade de tempo,
e assim, as frequências altas produzem
sons agudos e as baixas os sons graves. Embora, o ouvido não possa perceber mais que os sons cujas frequências
estejam compreendidas entre 20 e 20.000 vibrações por segundo, ou seja, uma
dezena de oitavas. Na musica chama-se tom à distância maior de entoação entre duas
notas consecutivas, com a exceção das distâncias de entoação menor de duas
notas consecutivas chamadas semitons e compreendidas
na escala musical entre o MI e o FA e do SI e
o DO.
INTENSIDADE:
É a
qualidade do som, que nos permite
distinguir um som forte de um débil, dependendo da amplitude das ondas sonoras.
A maior amplitude mais intensidade e vice-versa. Embora o ouvido não possa perceber um som cuja amplitude
seja inferior a certo valor ou nível mínimo. A intensidade mínima correspondente se denomina
"umbral de audibilidade". Se se faz aumentar enormemente a amplitude
das vibrações sonoras, a audição vai acompanhada
de sensações dolorosas. O limite máximo suportável pelo ouvido humano,
Chama-se
"umbral de dor".
Assim
mesmo há que distinguir a intensidade do corpo sonoro e a intensidade da perceção do
som. A primeira temos visto que depende
da amplitude das vibrações e a segunda depende da nossa agudeza auditiva, da intensidade das vibrações
do foco sonoro e, como é lógico, da distância que nos encontremos
deste.
O
TIMBRE:
Podermos
afirmar por ultimo, que será a qualidade do som que faz com que se distingam os
sons emitidos por instrumentos diferentes, ou seja, o timbre será a qualidade do
som que nos permite diferenciar iguais
notas emitidas por instrumentos diferentes e que diz respeito à complexidade das vibrações, ou seja, com a
presença de harmónicos sobrepostos ao
som fundamental.
O que é música? - De acordo com o Dicionário da Real Academia da Língua Espanhola,
podemos dizer que a musica é a arte de combinar os sons com o tempo, de modo
que produza deleite ao escutá-los, comovendo
a sensibilidade do ouvinte.
Os três elementos essenciais da musica são: Ritmo, Melodia e Harmonia.
Os três elementos essenciais da musica são: Ritmo, Melodia e Harmonia.
RITMO:
Não
se pode esquecer que a música está composta de sons, e que, portanto, neste especto está sujeita
às leis dos mesmos e em relação com os elementos essenciais da
musica, diremos que o ritmo musical vem determinado pela ordem e a proporção no tempo. O ritmo nasce do desejo inato da mente humana de
encontrar uma ordem em tudo quanto percebe,
na dança, regulando o movimento, na poesia, mediante a escritura métrica e os adequados
acentos e na musica agrupando sistematicamente sons sucessivos. O ritmo existiu já nos gongos das tribos selvagens, muito antes de
aparecer a musica.
A
relação entre ambos deu-se quando surgiu
a harmonia e a melodia, ou seja, o ritmo
precedeu a melodia, no entanto esta antecedeu a harmonia
como fruto da evolução lógica. Portanto o ritmo baseia-se na duração dos sons e
manifesta-se no que dominamos compasso. No
entanto, não há que confundir o ritmo com o compasso, já que uma unidade rítmica pode abarcar um só
compasso ou vários. O compasso é uma unidade
de notação elegida pelo compositor segundo
as suas conveniências.
A
aparição do compasso constitui uma necessidade
técnica para conjugar aos executantes, pois graças a ele se percebeu a realidade incontestável do ritmo
e prevaleceu a ideia de que era
fundamental conferir-lhe uma regularidade absoluta.
MELODIA:
É o
elemento da musica que consiste na sucessão de sons diversos unidos entre si e no
seu conjunto com sentido musical, ou seja, que na MELODIA enlacem entre si, os
sons com diferente intensidade, entoação e duração, criando musica.
HARMONIA:
Diremos,
por ultimo que é o elemento musical que consiste na combinação de sons simultâneos e diferentes, mas em acordes. A diferença entre harmonia e melodia reside
fundamentalmente em que, na melodia os sons sucedem-se um após outro e na harmonia
os sons sobrepõem-se, pelo que o canário ao cantar cria a melodia, e
o fazer harmonia corresponde a
um conjunto de pássaros quando cantam.
CANTAR:
Em parágrafos
anteriores fez-se referência ao verbo
cantar e podemos dizer simplesmente que cantar é emitir com
os órgãos da voz uma série de
sons modulados.
Que é Modulação?
É o
passo de um semitom a outro, que se efetua na melodia mediante o emprego de alterações acidentais, " meio-tom a mais e meio tom
a menos " que a levam à nova tonalidade fixando-a na harmonia mediante acordes de
transição que desvanecem a tonalidade primitiva e fixam o carácter da nova.
Que é a Escala Musical?
Diremos
que a escala musical se refere aos distintos graus de intensidade que se podem dar a um som e que
se indicam por meio de palavras, normalmente italianas, que vão desde o "pianíssimo" ao "fortíssimo"
e expressões tais como
"crescendo", etc., que modificam os motivos.
Que são os Harmónicos?
Quando
ouvimos um som temos que ter presente
que estamos ouvindo uma mistura de sons. A nota que ouvimos é fundamental e é a que
domina, mas simultaneamente e no mesmo instante, por cima dela, muito mais suave e de uma maneira quase imperfectível, se produzem outros sons que se fundem
perfeitamente com a nota fundamental, pela
razão de que tem uma perfeita relação de
frequências sonoras. Estes sons chamam-se harmónicos e são os que dão beleza e interesse
ao canto. O pássaro com a siringe executa estes sons com mais facilidade, considera-se
mais capacitado e igualmente podemos dizer
que ouvido humano fique mais preparado
para ouvir estes sons, se considera mais sensível, musicalmente falando.
CAPITULO 8° – 1998
No Código do Timbrado consideram-se alguns conceitos,
giros ou notas, básicas e principais, que serão o eixo de todo o cantor formando um
conjunto de tons brilhantes, alegres e harmoniosos
que vão dar porte e personalidade própria ao nosso canário representativo do
Canto Espanhol, com a sua maior ou menor
bonomia, mas outros conceitos complementares que ao estarem no repertório do canário se devem considerar. Todas estas
notas, sejam principais ou complementares se valorizam positiva ou negativamente segundo se percebam e segundo
seja a qualidade da sua emissão.
Se consideramos o repertório
de notas de acordo com a pontuação que se lhe atribui a cada uma delas no Código, temos em primeiro lugar que
considerá-las como as mais valiosas às notas denominadas Floreios, Floreios Lentos e Conjuntas.
As examinaremos com a maior precisão possível, realizando o seu devido comentário
técnico, apreciativo, ou até algo histórico e comparativo.
Floreios: São
notas, variações ou giros reconhecidos no Código como de superior categoria ou qualidade,
sendo as suas características seguintes:
· A – São notas múltiplas, já que na sua formação podem intervir todas as vogais e consoantes do idioma.
· B – Podem manifestar-se em movimento horizontal, ascendente,
descendente ou ondulatório.
· – O seu ritmo de emissão é semi-descontinua ou escalar
· – Podem ser simples (um único som) e compostas ou
conjuntas (mais de um som).
· – O seu carácter é positivo.
Desde
os princípios do estudo e sistematização
regulamentar do canário que nos ocupa, dedicou-se especial atenção aos FLOREIOS, principalmente devido à sua beleza
de emissão, à sua complexidade e variada composição fonética, e à variedade que representam dentro
do repertório.
No primeiro e antigo Código, o que inicialmente elaborou D. Alejando Garrido
Martínez, na Associação de
Canaricultores Espanhóis, de Madrid, decorria o ano de 1953, completado posteriormente por outros Juízes
desta mesma associação, existia uma confusão terminológica no referente às notas cloqueios e Floreios. Isso foi devido a
que no capítulo dos denominados cloqueios
se incluía uma definição desta nota que era própria dos atuais Floreios.
Dizia-se
que os cloqueios eram múltiplos,
preciosos e muito abundantes e que na
sua composição intervinham diferentes consoantes e vogais, dada a grande diversidade de cloqueios que se podiam emitir
era de todo impossível precisar com exatidão as letras que os compunham, nem o número destas belíssimas
notas que eram capazes de dar. Dizia-se neste Código que tirando as notas que o
mesmo definia concretamente, qualquer outra que se escutasse seria sem dúvida
um cloqueio. Eram infinitos os cloqueios
que se podiam escutar e muito difícil de enquadrá-los num limitado Código, apesar de
se ter feito a sua recolha, sem que se escapasse nem um, toda a variedade de
notas que emite este canário, ainda que em casos como o presente, ou seja os cloqueios,
só tenha sido possível agrupá-los com carácter geral. Dizia-se que a emissão dos cloqueios
era um pouco mais rápido que o Chau e Piau que anteriormente se tinha descrito,
salvo as exceções com as que sempre se devia
contar. As letras que os compõem se consignava o abecedário
completo, com quaisquer consoantes e vogais se podiam formar cloqueios. Como exemplos de cloqueios
figuravam:
· a) Com uma consoante e uma vogal, bi-bi-bi…pi-pi-pi...
· b) Com dois consoantes e uma vogal, blu-blu-blu... clo-clo- clo…
· c) Com três consoantes e uma vogal, bloc-bloc-bloc....tric-tric-tric
· d) Com dois consoantes e duas vogais,
blui-blui-blui ... clou-clou-clou,
· e) Com uma consoante e duas
vogais lui-lui-lui...lou-lou-lou
Também
se dizia que os Cloqueios Lentos eram os melhores, alcançando a categoria dos Cloqueios
do rouxinol aqueles em que intervinham
as vogais "o", e "u"' e excecionalmente o "bli",
cuja beleza metálica não tinha comparação..
Como
vemos havia uma miscelânea de notas que
se enquadravam nos Cloqueios, algumas que realmente eram as que atualmente se
consideram Cloqueios as restantes pertenciam aos atuais Floreios.
Por isso, foi muito acertado que o atual Código que aplica o Colégio Nacional
de Juízes da FOCDE e a Confederação Ornitológica
Mundial integrasse os verdadeiros Floreios
nesta denominação, enquadrando dentro
deles as notas Chau e Piau que antes estavam diferenciadas, e define e separe como Cloqueios as expressões canoras
que imitem as que realizam as galinhas chocas,
o que corresponde com a correta definição gramatical do dicionário. Era pouco
aceitável falar do Cloqueio em "bli", ou seja bli, bli, bli, como excecional
expressão de beleza e mérito, se temos em
conta que o cloqueio da galinha não diz estes sons. O mesmo se pode dizer dos exemplos bi, bi,
bi,... pi, pi, pi,... e para não falar
dos horrorosos tric, tric, tric,... próprios
de um inseto.
Com
a inclusão das notas Chau e Piau ou Chiau dentro do conceito genérico dos Floreios,
se consegui em parte ampliar o número de expressões que se podem encaixar
nestes, e de outra, que as notas citadas em primeiro lugar não tenham uma valorização
específica, o que ocorria nos primeiros
Códigos e dava lugar a que canários que davam e produziam estridentes Chaus e Piaus,
que por desgraça abundavam e que eram
autenticas estridências que soavam ao ouvido humano e que representavam o
contrario do bom gosto musical, da
doçura e harmonia, somassem uns pontos e que num concurso podiam decidir o seu
resultado ou a sua posição dentro de uma escala de méritos.
Os Floreios constituem a parte do canto que confere personalidade e um carácter
definido ao canário e beleza ao seu
variado repertório. Tem um máximo de 9 pontos, valor que se concede às notas de mais alta qualidade. São colocados entre os
diversos giros do repertório. Incontáveis e múltiplos. Exemplos: Pi-pi... tu-tu...tui-tui,ou-tou…lou-lou...
tuli-tuli. . Tolu-tolu... Chau- chau... diau- diau.... Piau-piau... Liu-liu.
tiu-tiu ... didlioo-didlioo... didel-didel... duti-duti... tschui- tschui...
csilip-csilip... Etc.
Recentemente
surgiu uma tendência ou teoria, que felizmente
não prosperou, pretendendo estabelecer ou diferenciar dois estilos, variedades
ou supostas linhas de canto dentro do Timbrado. A do canário Floreado e a do canário
Clássico. Deve recusar-se rotundamente e
de facto foi não aceite pelo Colégio Nacional de Juízes da F.O.C.D.E. Diz-se que o canário floreado é aquele que generaliza e se especializa fundamentalmente na variada execução de Floreios, com prejuízo de
outras notas integradas no Código. Visto que os Floreios são considerados no Código como notas superiores, com máxima de 9 pontos
(que são 27 no computo total), é evidente que todos os canários, qualquer que
seja a sua linha de canto, quer seja
seca (metálica ou oca) ou de água, deverão generalizar, especializar-se e desenvolver da
melhor forma variados Floreios. Ou seja, que todos os canários de Canto Espanhol
terão que ser Floreados e quantos mais e melhores Floreios emitam e sempre que
estes reúnam as devidas condições na beleza
da sua emissão, melhores exemplares serão, ainda que deixando bem claro que os Floreios, quer de ritmo semi-descontinuo (que são os que agora
estamos considerando) ou de ritmo descontinuo chamados Floreios lentos, não constituam
única ou exclusivamente os seus repertórios devendo logicamente distribuir-se ou
ligar-se com outras notas integradas no Código. Portanto é inaceitável a denominação
de Canário Floreado referente a uma suposta linha de canto.
Consta-me
que num Concurso se pretendeu estabelecer esta distinção entre canários
Floreados e Clássicos e que os Juízes que iam atuar no mesmo fossem diferenciados (ignoro o critério “diferenciados”),
e adjudicados individualmente e separadamente a cada uma destas fictícias
modalidades, segundo o gosto ou opinião dos aficionados concorrentes desses exemplares. Como é lógico os Juízes, com bom critério
e autoridade, se negarão a esta absurda pretensão, e quando se chegou ao conhecimento
do Colégio Nacional de Juízes/F.O.C.D.E. se deram as respectivas instruções
para que este facto não voltasse a acontecer.
Quanto
ao Canário Timbrado Clássico á uma definição abstrata que não matiza nenhuma classe
de característica técnica e que não define nada no que se refere à forma de
canto. Parece ser que alguns, mas poucos, aficionados, que não aceitam assimilar
que o canto do nosso canário tem vindo evoluindo no decorrer do tempo, pelo trabalho de muitos criadores que tem sabido estabelecer e implantar novas e
variadas notas, com as suas correspondentes variações, em relação ao repertório
que tiveram alguns dos antigos
Timbrados, o que lhes serviu para recuperar uma estirpe de pássaros que por
circunstancias, que agora não é caso
para analisar, tinham quase desaparecido
em Espanha, são estes os que consideram que aqueles exemplares, que em muitos casos nem sequer chegaram a poder escutar, devido a serem aficionados relativamente jovens,
consideram que o canário que eles chamam
Clássico é o de carácter fortemente metálico, com fortes timbres e variações
rodadas muito subidos de tom e volume
(muitas vezes estridentes e com atritos), com Castanholas que em ocasiões parecem
chicotadas, com Floreios em suas formas de Chaus e Piaus subidos de volume e estridentes (que devem penalizar-se
como estridências), sem notas de água, etc., esquecendo ou desconhecendo que quando
se fez a reconstrução da raça já existiam as Notas de Água e que os velhos e histéricos canários de Vich os tinham.
Desde
há muitos anos e hoje em dia, numerosos
aficionados desprezam os Piau e Chau, eliminando-os drasticamente do repertório de seus canários. Existem estirpes
de cantores que já não os tem e foram substituídos por múltiplos Floreios. É uma
questão de gostos, todos respeitáveis. Em relação aos Chaus e Piaus
é preferível eliminar aqueles com tons fortes e estridentes, que estragam o bom
gosto musical e o ouvido humano, mas
podem-se manter os emitidos em tonos suaves, aflautados, doces, com boa dicção,
bem ligados e que não se repitam mais de
2 ou 3 vezes em cada emissão, se forem repetidos mais vezes podem causar má
impressão no geral. Não é aceitável a teoria que se mantém nalguns aficionados,
cada vez menos, que afirmam que um Timbrado, para ser de boa raça ou de raça
autentica, tem que cantar muito forte, com o bico aberto e emitir Chau e Piau, ainda que o canto esteja cheio de estridências. A prática mostra-nos que existem em toda a Espanha
estirpes de canários de um belo e variado canto, naqueles em que se eliminaram totalmente estes Floreios do seu repertório.
Por
outro lado, se generalizam em determinadas estirpes, que em muitas ocasiões tiveram
o prazer de escutar e qualificar, uns belos e variados Floreios
em distintas vocalizações e com diversas combinações gramaticais, ao mesmo tempo
que também se escutavam as outras notas do repertório que integravam a ficha de
julgamento, igualmente de excelente qualidade, formando um canto variado, harmonioso,
bem ligado nas suas variações, cantando com tons agradavelmente melodiosos e sem
notas excessivamente fortes, estridentes e duras, que como já se disse são
adversas ao bom gosto musical.
CAPITULO 9° – 1999
Todos
os conceitos técnicos estudados nos Floreios são iguais para a nota que agora nos
ocupa, mas com uma importante diferença,
o ritmo de emissão, que é descontinuo e
lento como o seu nome indica, pelo alargamento das sílabas finais. Esta nota deve
ser fundamentalmente básica e excelente para um bom canto. Tem uma separação
muito marcado na separação entre as
silabas de que se compõem as suas múltiplas variações, que dentro de um acusado
ritmo de emissão descontinuo devem estar
perfeitamente diferenciadas. Constituem a nota que mais recorda, e inclusive supera, o canto do Rouxinol. Lembram lindos Floreios musicais que os canários sabem
colocar e desenvolver entre os diversos giros do seu repertório. Trata-se de uma
nota múltipla desde o ponto de vista da sua possível composição gramatical e estrutura
fonética, já que na sua formação pode intervir
o abecedário completo. Tratam-se de notas maravilhosas, autêntica câmara lenta do
canto, que se devem exceder ao máximo e causar
admiração a entendidos e profanos. Deve-se procurar nos Floreios lentos a qualidade e a
perfeição, sendo os de maior lentidão os melhores, aqueles em que o canário se
recria na sua emissão, distancia perfeitamente
as sílabas e realiza-as de forma suave,
doces e prolongadas.
São
incontáveis os Floreios lentos que podem chegar a emitir os canários, como
simples exemplos colocamos aqui alguns:
Tu-íi-Tu'líii-Tu-líii-Kí-óo-Ki-óoo-Wo-úu-Wo-úuu-To-úu-Toúuu-
To-lúu-Tolúuu-Blu-óoo-Doúu-Doúuu-Tiée-Ti-éee-Chia-úu-Chia-
úuu-Pia-üu-Pia-úuu Tulíii-Cha-úu-Chaúuu-Blióo-Blióoo.
To-lúu-Tolúuu-Blu-óoo-Doúu-Doúuu-Tiée-Ti-éee-Chia-úu-Chia-
úuu-Pia-üu-Pia-úuu Tulíii-Cha-úu-Chaúuu-Blióo-Blióoo.
Podem
ser emitidos com tons e sons secos metálicos ou ocos (carentes de aquosidade) ou
com som de água, segundo seja a linha de canto a que correspondam. Os de mais mérito
são aqueles em que a vogal ou vogais finais se acentuam e prolongam
na sua emissão e se neles houver intercambio nas distintas vogais, ainda mais
agradáveis ficam.
Os Floreios e os Floreios lentos são emitidos abrindo
e cerrando o bico.
Dentro
dos Floreios lentos convém fazer alguns comentários sobre as populares Notas Chau
e Piau, nas quais sempre tem existido muita polémica entre os aficionados.
Desde que D. Juan Bautista Xamarró na sua obra "Conhecimento das dez aves
menores de gaiola, seu canto, enfermidade, cura e criação", publicada no ano 1604, disse sobre sua opinião do canto do canário
no capitulo dedicado a este pássaro,
titulado "Da natureza e propriedade do canário": "a maior
quantidade de música deste é do rouxinol
e muita do pintarroxo, e se não tivessem duas faltas, a primeira chilrear e a
segunda que faz Chau-Chau, e tivesse as
flautas tão grossas como o pintarroxo seriam tão bons como ele... ".Podemos
ver que então D.Juan Bautista Xamarró considerou como má nota o Chau, e mais à frente segue comparando-o com o pintarroxo e no resto com o
rouxinol , considera que o seu canto deve ser largo de notas em forma continuada de diversas voltas e que se
elevará a sua voz tanto como o rouxinol, considerar-se-ia muito mais, já que o canário canta todo o ano e os rouxinóis
pouco mais de 3 meses ao ano.
Como
anteriormente se comentou, existem estirpes em que as notas Chau e Piau ou Chiau estão muito enraizadas e por alguns consideradas
hereditárias, mas noutras estirpes desapareceram totalmente, como resultado de um largo processo
de seleção por parte dos criadores, para conseguir a sua eliminação, o que põe
em dúvida se realmente possam ser
consideradas hereditárias. Hoje em dia são a maioria em todo o País os aficionados que criam
um canário em cujo canto não existem estes
Floreios, substituindo-os por outros diferentes
que vem enriquecendo as diversas variações que possam emitir, são aqueles que trabalham o canário Timbrado
para aperfeiçoá-lo, que selecionam algumas linhas de canto, seja a seca ou a de água, para conseguirem que o conjunto do canto se desenvolva com expressões o mais melodiosas possíveis, com
suavidade, ainda que naturalmente o canto metálico ou oco ou aquoso
tenha sons e tons mais ou menos elevados
de maior sonoridade, se os comparamos com as outras duas raças de canários de
canto existentes (Harze e Malinois). Nos casos de estirpes que ainda mantenham o
Piau e Chau há que procurar e selecionar aqueles que as emitam em ritmo descontinuo, com dicção
perfeita, aflautada, suave podendo serem mais alguns dos incontáveis Floreios Lentos que se podem chegar
a cantar, os melhores são os emitidos com majestosa lentidão e à semelhança dos
Floreios não os repetirem mais que duas
ou três vezes. Como já expliquei no anterior artigo, quando isto se
consegue, e que já vem sendo observado em bastantes canários, desaparecerá a antipatia, o
repudio e a má fama que hoje em dia, para a maioria da “afición” tem estas duas
notas, que para muitos são um estigma. Os que criam um pássaro que na sua estirpe hereditariamente os mantenham, mais
que eliminá-las drasticamente do seu aviário, trabalho bem difícil de conseguir
, ainda que o consigam em determinados exemplares, podem chegar a manifestar-se
nos seus descendentes, se é que estão impressos geneticamente e produzir-se
inesperadamente o "salto
atrás" da herança, convém que os trabalhem de modo que sejam emitidos da
melhor forma como comentada anteriormente, eliminando os de tons
estridentes e fortes que constituam estridências e durezas penalizáveis.
Ao se
terem eliminado os Chau e Piau na maioria
dos aviários, aconteceu que nalguns casos os canários ficaram curtos de repertorio, por
isso é muito importante que os aficionados fomentem outros Floreios Lentos, dentro da grande variedade que com eles podem cantar os canários desta raça.
Nestes anos que venho atuando como Juiz
desta especialidade, a cada temporada e em diversas sociedades pertencentes às
mais variadas regiões espanholas, observei que a maioria dos canários por mim julgados,
numa percentagem aproximadamente entre
70% e 80% já não fazem em absoluto os Chau e Piau, prova de que os aficionados fizeram
a seleção oportuna para esse objetivo.
Quero
recordar a opinião manifestada por D. Alejandro Garrido (Juiz da Associação de
Canaricultores Espanhóis de Madrid) publicada no n° 12, no ano 1960, da Revista Pássaros, que
diz:
"Existe uma grande maioria
que despreza o Chau Chau, preferindo que não figure no repertório dos seus
canários, por considerá-los uma nota má e feia na sua audição. O único que devemos exigir, é que seja executada em estrofes muito curtas e lentas com boa ligação entre si. Todo o Chau Chau que se
prolongue mais de cinco sílabas, deve ser evitado. Da mesma maneira que o Piau Piau, como nota de pouco mérito, pelo que a sua pontuação
é baixa nos concursos.
Notas
Lentas (atualmente Floreios Lentos), grupo auge deste canário. Aquele canário
que domine amplamente parte da inumerável gama de Notas Lentas ou Floreios, que a sua siringe pode emitir
será um futuro campeão. É aqui onde a semelhança
com o Rouxinol é mais parecida. Para que
a emissão deste grupo seja perfeita, o canário deverá ter uma voz sonora cheia
de matrizes e que a execução seja limpa, agradável e fácil. Na constituição destas notas, podem intervir uma consoante e duas
vogais: Tui-Tui, ou melhor duas consoantes
e duas vogais: Clu-i-Clu-i. É natural
que sempre se preferira que as consoantes e vogais que intervenham sejam brandas, não pontuando aquelas em que intervenha
a "R", já que na prática se demonstrou que a nota onde esta se percebe
resulta duríssima e feia, como sucede nos Cloqueios.
As Notas Lentas,
regularmente, são executadas no começo, ou à saída do canto, e deverão ser escutadas
em passagens curtas ligando a continuação com outra nota. Se o canário a faz muito longa deverá ser sancionada, já que se
destacará mais que outros grupos na sua duração. Podemos assegurar que este grupo é o que verdadeiramente
identifica o canário Timbrado ou do País. Não há outra raça que possua uma siringe
tão adequada para executá-las (excepto o Rouxinol), com a sonoridade e limpeza que se requerem. O que é uma verdadeira pena é que muitos poucos canários tenham no seu repertório variedade de Notas Lentas quase todos se limitam a um par de variações ou, no
máximo três. Os criadores desta raça deveriam prestar mais atenção para incluir mais esta variedade de notas no reportório dos seus canários.
Imaginamos um canário que no seu canto executa
seis ou oito variações no grupo das Notas
Lentas? Era possível que então esta raça tivesse muitos
mais adeptos, e outros não a
desdenhariam, dizendo que este canto não é agradável, visto que as Notas Lentas bem emitidas e com um repertório adequado, podem usar-se, em beleza, nas executadas por outras raças. Não pode ser perfeito,
nem sequer ser bom, um canário que no seu repertório não possua Notas Lentas.
Há que gravar-se isto bem, e toda a insistência é pouca. Nos concursos, sempre se
dá vantagem àquele canário que as possua. Devemos virar-nos por completo para elas e para os Cloqueios, e
assim esta raça triunfará".
Quando
se propôs apresentar à Confederação Ornitológica Mundial uma Planilha ou Ficha
de julgamento e seu regulamento para a classificação dos canários nos Concursos
internacionais, os Juízes da nossa entidade encarregaram-se e assumiram a rejeição
que entre os aficionados dos demais países produziam os Chaus e Piaus estridentes, que consideravam notas próprias
de um pássaro vulgar e primitivo, sem cultivar, conhecido com o nome de
"CHOPPER" que existia em todas as partes e países. Por esta razão e
para que fosse admitido sem reservas a Planilha que apresentou o nosso País à
C.O.M., as ditas notas foram eliminadas da mesma, não figurando os seus nomes e
ficaram enquadradas no nome genérico e amplo dos Floreios. Desde sempre se manteve
este bom critério e nas diversas Planilhas modernas, que se realizaram no
decorrer do tempo pelo Colégio Nacional de Juízes, não voltaram a figurar,
precisamente por se ter adaptado as mesmas à evolução cultural que este canário
tem vindo sofrendo durante os anos, pelo trabalho de muitos aficionados,
evolucionando no sentido de um canto mais agradável, mais melodioso e mais musical dentro da variedade que
caracteriza o mesmo, de modo que se as voltassem a incluir, haveria
supostamente um grave retrocesso na evolução do canto, quando de facto os Piau e
Chau nas suas manifestações estridentes,
chicotadas e vulgares já desapareceram na maior parte dos aviários, e inclui-las
novamente seria uma ação retrógrada, não apropriada ao conceito moderno do bom canto do canário espanhol
que deve ser refletido na sua Planilha e
Regulamento de julgamento nos concursos.
Numa
das ocasiões em que tive a honra de atuar como jurado junto a dois maestros
como foram Alejandro Garrido e Esteban Crespo, foi na sociedade ornitológica conhecida
como "A Concordia". Atuamos os três simultaneamente, estabelecendo uma
media de 3 fichas de julgamentos, como teoricamente
se deveria fazer em todos os concursos mas que na prática
é , por diferentes causas, difícil de conseguir. À direita sentava-se Crespo,
Garrido no centro e eu à esquerda. O concurso decorria normalmente, sem que o
canto dos canários que estávamos a julgar não haver nada de especial nos seus repertórios
e nas suas qualidades, até que apareceram em cena umas equipas que, cantando incansavelmente,
nos deram causaram um grande impacto pelo seu formidável canto. Eu nunca tinha escutado esse estilo ou forma de
canto com abundantes Floreios, semi-descontinuo e lentos, muito
bons e variados. Cloqueios muito claros,
Notas Conjuntas e variações aquosas, ligadas facilmente entre outras.
Recordo o entusiasmo que ostensivamente manifestou Garrido, dizendo em voz
alta: "Esse é o verdadeiro canto que devemos cultivar no Timbrado",
repetindo várias vezes frases parecidas. Aqueles magníficos exemplares foram apresentados
a Concurso pelo meu bom amigo, o atual Juiz de Timbrado de F.O.C.D.E., Angel
Reca Comillas.
CAPITULO 10° - 1999
CLOQUEIOS:
O dicionário
da Real Academia da Língua define o verbo cloquear como "o som Clo-Clo que
emite a galinha", o dicionário Espasa como "o cacarear da galinha choca", ou seja, por
ser parecido com o som que emite a
galinha ao acompanhar e chamar os seus
pintos. No canto do canário não nos podemos cingir exclusivamente a este som
oco, já que emite outros também ocos que, por sua estrutura, podem figurar e considerar-se
como Cloqueios. Este conceito pode-se aplicar igualmente ao canto de outros pássaros.
Esta nota pode-se considerar como única na sua composição gramatical, ainda que
tenha várias modalidades de expressão. Também ainda poderíamos considerá-la
como nota múltipla, mas limitada nas suas possíveis formas de emissão. Letras e
sílabas que a compõem: Consoantes "b", "c", "g",
"k", "l", "t". Vogais "o",
"u", "i". As melhores expressões são aquelas em que as
consoantes são suaves e as vogais ocas e com sonoridade. Destas últimas as melhores
são a "o" e "u" e suas combinações "uo" e
ou" por serem capazes de produzir bons sons ocos.
Exemplos:
Clo-Clo,
Clou-Clou, Cok-Cok, Gluok-Gluok, Co-Co, Cou-Cou, Clok-Clok, Cluk-Cluk,
Bloc-Bloc, Tok-Tok, Glok-Glok, Klok-Klok, Gluk-Gluk, Tiok-Tiok, Tiuk-Tiuk,
Bluk-Bluk...
Na emissão podem produzir-se variações, ainda que isto não
costume ser corrente pela dificuldade que implica, ao intercambiarem-se vogais
e consoantes, intercambiar vogais, intercambiar consoantes ou trocar o som de
uma sílaba ou ditongo por outro, sem
deixar de ser Cloqueio e dentro das diversas e possíveis manifestações que temos visto.
A frequência de emissão depende das letras ou
sílabas que intervenham para formar a nota, com um máximo de frequência de 2 ou
3 golpes seguidos. É quando alcançam maior mérito e valorização, terão mais valor se se alargam as vogais e se
for mais pequena a frequência da emissão.
O ritmo de emissão, nas suas melhores expressões,
é descontinuo e suas sílabas devem
pronunciar-se bem separadas, marcando muito claramente a consoante final. Também
podem ser emitidos de forma acelerada ou rápida, pelo que o seu ritmo de emissão
se converte em semi-descontinuo ao serem cantados os Cloqueios de forma ligada
ou em cadeia, na que a consoante final
estará menos marcada. Esta forma de emiti-los costuma ser frequente e tem menos
valor.
Nos
Cloqueios, como nas demais notas do repertório deste canário, há
que distinguir os que correspondem à linha seca ou à de água. Os melhores são
os que correspondem à linha oca, precisamente porque o som oco e doce fica mais
meritório e agradável que, normalmente, o emitido por um canário de linha seca metálica, já que este logicamente será menos
oco e mais metálico Se é canário de linha de agua, então os Cloqueios terão um
arrastamento aquoso na sua emissão, um som de fundo onde se percebe um som de
água que é o que lhe dá o carácter que corresponde a esta linha. Nos Cloqueios aquosos há que ter presente que nas
suas emissões lentas, intervém a vogal
"i" combinando-se com outras das vogais, e se marca excessiva e profundamente o som de agua, pode converter-se, em determinados
casos, na nota que mais adiante estudaremos,
denominada no Código como "Água Lenta".
Os Cloqueios constituem uma bela nota. Os mesmos
podem alcançar grande valor se os emitirem de forma seca e oca se os
fizerem com aquosidade, isto irá em função
da linha de canto que tenha o canário. Podem formar excelentes combinações com
os Floreios, quando são emitidos com ritmo semi-descontinuo ou acelerado, de igual modo com os Floreios Lentos, quando o
seu ritmo é descontinuo
ou pausado, todos eles em suas formas simples e compostas. Isto acontece
quando o canário se recria na canção, produzindo
um canto variado muito agradável, que é o que marca a sua personalidade e
diferença das outras raças de canários de canto, acompanhado com outras notas do
repertório que veremos.
Tem
que se ter cuidado em não estimular em demasia
o canário pródigo em Cloqueios na sua canção, já que esta nota poderá afetar a boa dicção dos
Floreios, ao incidir e possivelmente introduzir
consoantes na mesma, com a conseguinte alteração
na sua correta modulação e vocalização.
Os Cloqueios
são modulados pelo canário com a boca e a língua, modulação bucalingual. Tem a
sua equivalência no canto do Roller com os Gluken, palavra que no idioma alemão tem o mesmo significado que no espanhol. Esta nota
será más fácil de cultivar nas estirpes
que possuam maior facilidade para emitir
modulações linguais.
CASTANHOLA:
Quando
é bem emitida pelo canário, constitui
uma bela nota com um som onomatopeico que recorda o entrechocar
rítmico do instrumento musical espanhol com esse mesmo nome (feito de madeira seca, consistente e oca).
Pode-se considerar uma derivação ou variação dos Cloqueios, com as consoantes
"c", "k", "l" y "g", variando a vogal que agora será a "a". Similar aos Cloqueios quanto à intensidade e altura.
É nota única: Clak-Clak, Glak-Glak, Clac-Clac,
Glac-Glac, Klak-Klak.
O
som da consoante "k" define muito
bem esta nota, já que pode perceber-se na
emissão no principio e fim da mesma, acompanhada
pelos outros sons das letras "l" e "a". Às vezes pode misturar-se o som da "n",
produzindo a pronunciação de "Klank-Klank", que resultará menos meritória.
A que termina em consoante "n" será dura e má. Sempre
há que ter presente que quantas mais consoantes intervenham e se misturem no
canto de um canário, menos valioso e mais confuso ficará o mesmo,
já que as consoantes introduzem, geralmente,
ruídos e sons ásperos.
O ritmo de emissão pode ser descontinuo ou semi-descontinuo, o
que depende da menor ou maior lentidão com que seja emitida, considerando-se as
mais meritórias as que se realizam lentas, sonoras e doces, marcando bem os
golpes da mesma, que normalmente não superam os 2 ou 3 golpes. Serve para o canário, como
modelo de imitação, o canto do rouxinol com
suas magnificas castanholas emitidas suavemente e com doçura. É então quando alcançarão
o seu maior valor.
Ou
seja, há que cultivar as Castanholas principalmente em ritmo descontinuo, ocas, limpas
e, repetimos, com clara semelhança com o som produzido pela lenta percussão de
umas Castanholas. Constituem um som simples e com escasso número de harmónicos. Não serão
admitidas como Castanholas as deformações ou mistificações, como são as que se produzem
ao mudar as consoantes iniciais CL, GL, KL pelo som que produzem as
"CH" (Chas, Chac...) que, se são emitidas com força, parecendo duras chicotadas,
extremamente desagradáveis ao ouvido.
Em
geral, e desde há muitos anos, a maior parte da “afición” tem vindo a eliminar
dos aviários aqueles canários que emitem as "CH" no seu repertório, como são as que acabamos de ver e os
Chau, Chou, Chi, etc., por considerarem que a presença e combinação destas consoantes prejudica
o bom canto, sobretudo se se efetuarem com força e excessivo volume. Muitas vezes constituem
estridências que tem que se assinalar e penalizar-se,
pelo que devem ser eliminadas.
A Castanhola, ainda que presente na maioria dos canários, raramente se escuta de
forma superior, ou seja, de forma doce e suave, como uma carícia, que nos agrada ouvir. Deve ser objeto dos aficionados
do Timbrado procurar que os seus canários a devam fazer com mais frequência, e
voltar à antigas essência do que antigamente se denominou "Canário do
País", que a usava muito e de maneira
tão bela que verdadeiramente recordava o Rouxinol.
As Castanholas
podem formar excelentes combinações com
os Cloqueios, simplesmente quando o canário
ao cantar troque a vocal A" pela "O" e com os Floreios nas suas diversas maneiras de se expressarem
rápidos e lentos. Poderão ter um som de fundo
aquoso, se forem exemplares de linha de água,
se pertencerem a uma linha seca oca
o som será oco .
A pontuação máxima da Castanhola é de 3 pontos.
CASCAVEL:
Recebe
esta nota a denominação de Cascavel pela
semelhança que tem com o som que produz uma campainha de sobremesa ou pequeno cascavel
(guizo). Pela sua composição gramatical é uma nota única, compondo-se nas suas
melhores emissões pelas consoantes "l" e "n" e a vogal
"i", que produzem um som alegre e metálico: lin-lin-lin. Os exemplares mais capacitados para emitir os Cascavéis
limpos e puros são os que correspondem à
linha de canto seca metálica, por serem os que melhor podem marcar a consoante "n" final, produzindo
o som metálico e alegre comentado. O seu ritmo de emissão é semi-descontinuo, de
forma muito rápida e, para que alcance o seu verdadeiro valor a consoante
"n" final, deve demarcar-se e pronunciar-se muito bem, já que esta
condição é a que produz uma grande sonoridade, metalicidade e beleza. Nesta
nota a vogal "i" joga um papel fundamental e o som costuma ser
excelente devido à doçura da consoante "l".
Esta
bela nota que, como se disse, é fácil de emitir corretamente pelos canários muito
metálicos, atualmente perdeu-se em
grande parte já que a grande maioria dos pássaros que agora se ouvem nos
concursos não pronunciam a sílaba "lin", por terem perdido a consoante
"n" final e o que pronunciam é a sílaba "li". Ou seja,
"li-li-li" que, sendo igualmente um Cascavel, é menos meritório, e
mais diminuída, sendo considerado como
suficiente na hora de classificá-lo. É
consequência de se ter desenvolvido, na evolução do canto, outras linhas distintas da pura seca e metálica.
O Cascavel pode-se manifestar de forma plana (que é a mais frequente),
ascendente, descendente e modulada (excecionalmente), sendo esta ultima a mais meritória.
É importante que sempre se pronuncie claramente a "l" inicial e que o
ritmo de emissão seja semi-descontinuo, já que se este ritmo se acelera pode chegar a aparecer a consoante "r" no lugar da "l" e, fazendo-se o ritmo continuo e passaria a ser um Timbre. Há que
diferenciar bem uma nota de outra, pois já
se disse que a expressão "li-li-li" poderia passar a ser catalogada como Timbre, isto seria um erro, porque o Timbre é uma nota de ritmo de emissão continuo
em que sempre intervém a consonante
"r" e, de se considerar como
tal "li-li-li", resultaria que aumentaria a pontuação do Timbre, mas,
em troca, uma grande percentagem de canários ficariam sem pontuar o Cascavel quando realmente o tem. Felizmente esta opinião não prosperou tecnicamente e não foi admitida no regulamento.
Existe
semelhança do Cascavel com as notas do Roller (Klingel) e Malinois (Bellen). No tratado de Mariella di Mauro e Gustoaf
Lelievre sobre o canário Malinois disseram-nos: "Bellen = Campainha".
A Campainha tem uma característica bem
precisa. A particularidade esta no facto
de que a silaba se repete com uma pequena batida ou separação de uma a outra silaba, utilizando a letra "l" na separação. É evidente que não é um giro rulado e é composto
por um som separado: "li-li-li; lingling-ling; lung-lung-lung; lu-lu-lu..
Tem ressonância metálica e recorda um pouco a campainha rulada.
No tratado de Fratantoni sobre o canário Roller, diz-se "Klingel = Campainha". Tour semi-descontinuo.
O seu som pode representar-se pelo que produz
uma campainha de prata ou um chocalho, que deixam ouvir claramente o silábico
"li-li-li", "di-di-di", segundo utilize as consoantes "l" ou "d"; com mais frequência a "l".
A pontuação
máxima do Cascavel é de 3 pontos.
CAPITULO 12° – 2000
CAMPAINHA:
Nota
única pela sua composição gramatical, admitindo
algumas variações. Recebe o seu nome pela
semelhança que tem com o som de uma campainha,
podendo ter diversos tons, contemplando-se o som onomatopeico do instrumento usado nos centros de culto para chamar os fiéis. A sua estrutura gramatical e fonética, o seu ritmo de emissão descontinuo,
que pode ser mais ou menos acelerado, beleza musical, etc., é similar às características dos Floreios Lentos e antigamente
se enquadravam dentro destes, mas atualmente foi diferenciada devido a se ter
espalhado muito nas estirpes de canários e merece ser separada e
individualizada. Normalmente escutam-se 2 ou 3
golpes com uma marcada separação entre as sílabas que a compõem, com sonoridade,
eco e sons metálicos, que são os melhores, ou ocos, o que depende da sua linha
de canto. Os canários da linha seca
metálica ou oca são os mais capacitados para a emissão de belas Campainhas.
Pode
compor-se das seguintes consoantes: "B", "C",
"D", "L", "M", "N", "P",
"T", "NG", "NK", devendo terminar sempre com as
"N", "NK" y "NG", que lhe dão o som de uma campainha. E as vogais:
"A", "I", "O", "U", "OU",
"UI".
Exemplos: Ting-Ting,
Tan-Tan, Tam-Tam, Di-long-Di-long, Ti-long-Ti-long, Tang-Tang, Tlan-Tlan,
Tlonk-Tlonk, Tonk-Tonk, Plan-Plan, Tong-Tong, Clon-Clon, Lon-Lon, Blong-Blong,
Din-Din, Dong-Dong, Ting-Tong, Tuin-Tuin, Tung-Tung, Toung-Toung, Plon-Plon.
A
sua maior beleza é alcançada quando o canário for capaz de emitir diversas combinações de, entre
os vários exemplos indicados anteriormente. Os canários podem emitir numerosos e
diferentes sons de Campainha, dos muitos exemplos expostos, ainda que os de mais
mérito e pontuação, e que mais se parecem a uma Campainha, são aqueles em que intervenham
as vogais "A" e "O", são estas que lhe dão maior
metalicidade e uma perceção de oco, e finalizando com as citadas "N",
"NG" y "NK".
Os sons metálicos e a Campainha podem ser dados
normalmente em tom alto e uma mudança de tom na sua emissão aumenta o seu valor. O movimento normal é o horizontal, a
seguir o ascendente e muito raramente o descendente. É muito frequente
e são numerosos os canários que emitem a Campainha com
o som fonético de "Ting-Ting-Ting", que pode considerar-se como
suficiente (é parecido ao som que se produz batendo com uma barra metálica num copo ou taça de cristal). Este som, no caso de não se considerar Campainha, deve de ser classificado e pontuado como um Floreio Lento ou
Floreio dependendo do seu ritmo de emissão.
Como são muitos os canários que a emitem é melhor considerá-la Campainha, se não for assim a maioria não teriam pontos
nesta nota.
A pontuação máxima que pode ter é de 3 pontos.
ÁGUA
LENTA:
Os Cloqueios
Aquosos emitidos de forma lenta ou descontinua, podem ser realizados por aqueles canários dotados de um órgão canoro apropriado
para realizar notas de agua. Os que melhor
os emitam são os que pertencem à linha
de agua. É nota composta pelo duplo ou triplo som que produz, tendo sempre como
fundo o som de água, ou seja, timbre e sonoridade aquosa. Um bom exemplo é o de
uma torneira que pinga uma grossa gota
de água, que cai de uma certa altura sobre um balde ou recipiente meio cheio de
liquido. No canário Timbrado, até agora, não é muito infundida,
ainda que, quando se escuta e é bem emitida, resulta muito agradável pela sua beleza e dá muito valor ao conjunto do repertório. Convém destacar a sua semelhança
fonética com os Klok do canário Malinois, mas fazendo constar que, pela estrutura
da siringe do Timbrado, não chegam à perfeição de profundidade e aquosidade que se manifestam
nos Malinois, por serem estes os verdadeiros especialistas no canto de agua.
Ainda
que o seu verdadeiro e melhor ritmo de emissão seja o descontinuo, às vezes pode apresentar-se de forma ligada e rápida ou semi-descontinua, que tem menos valor.
O
texto fonético está limitado pela presença
das consoantes "B", "C", "G", "K", "L",
"V", "W" e as vogais "I", "O",
"U".
Exemplos: Gloik-Gloik…. Kloid-Kloid…. Gluik-Gluik…. Bloik-Bloik…. Bluik-Bluik….. Gluic-Gluic….. Wluic-Wluic….. Liuc-Liuc….. Loic-Loic…. Bloui-Bloui…. Gloui-Gloui…. Wloic-Wloic…..Bloi-Bloi
Exemplos: Gloik-Gloik…. Kloid-Kloid…. Gluik-Gluik…. Bloik-Bloik…. Bluik-Bluik….. Gluic-Gluic….. Wluic-Wluic….. Liuc-Liuc….. Loic-Loic…. Bloui-Bloui…. Gloui-Gloui…. Wloic-Wloic…..Bloi-Bloi
Se em todos os giros ou notas se precisar de uma
boa dicção, no caso da Agua Lenta, e nas
demais variações com sons de agua, esta condição se exige ao máximo, especialmente para que as consoantes que intervém sejam emitidas de
forma nítida e pura, se não for assim, pode-se produzir um som borrado que faz perder ao
conjunto do canto parte da beleza e musicalidade.
Para
que o som de agua que goteia seja o mais nítido possível, basicamente é necessário que a vogal "I" apareça combinada com as
outras vogais com arrasto ou alongamento do som na ultima vogal e sempre com a consoante "L". Na emissão desta nota, o canário pode utilizar também
as vogais "A" e "E", mas o som aquoso que se faz será de muito pior qualidade, menos claro e até
borrado. Convém assinalar que as melhores emissões são aquelas em que as vogais se apresentam formando ditongos e tritongos
e as consoantes são brandas, limpas e profundas.
Como
se comentou anteriormente, a Agua Lenta escuta-se pouco, ou seja, que no canto se lhe atribui
um valor segundo seja a qualidade da sua
emissão e facilidade de repetição pelo canário,
ou não existe. Por ser uma nota que, quando é bem emitida, embelece extremamente
o repertorio tão variado do canário Timbrado Espanhol, por ser precisamente a variedade
de notas que podem chegar a cantar uma de suas características, convém desenvolvê-la
e cultivá-la nos exemplares da linha de agua, já que terão maior aptidão para a realizar.
O máximo
valor que se lhe atribui é de 6 pontos.
CAPITULO 13° - 2000
TIMBRES:
É nota de ritmo de emissão continuo, já que as sílabas que os compõem se repetem de
forma ininterrupta e rápida. Estão ligadas umas às outras ficando um som
continuo. O canário reproduz onomatopeicamente
o som similar a determinados timbres que
normalmente se escutam, como o telefono, um relógio despertador ou de uma porta.
É nota única por sua composição gramatical,
formada sempre pela sílaba "RI",
intervindo na sua estrutura a consoante "R"
e a vogal "I". As suas
duas letras devem escutar-se ao mesmo nível de força, já que se uma ou outra sobressaem, o Timbre perde valor, ficando
duro se se marca muito a "R" e agudo se for a "I" que sobressaia. Pode emitir-se de forma plana
ascendente, descendente e modulada, sendo esta ultima a que se produz ao mudar
o canário o tom do Timbre formando sons e escalas
ascendentes e descendentes. Quando se emite ascendente e se prolonga demasiado,
o canário pode-se afogar na nota e originar a falta denominada rascada.
São
sons simples cuja frequência de emissão rouca
é tão rápida e a separação entre as sílabas tão curtas e breves que o ouvido unicamente percebe um som continuado: "riririririri", é mais doce
e agradável quando a vogal domina ligeiramente
sobre a consoante. Os Timbres são as
notas de emissão continua mais próprias
deste canário, mas realizadas de forma
breve, sem se alargar demasiado, também são emitidos por outros pássaros
silvestres e igualmente pelas outras duas raças de canto reconhecidas oficialmente.
A pontuação máxima é de 3 pontos.
Seguidamente
estudaremos as denominadas Variações Rodadas, ainda que agora convém assinalar que os Timbres se podem considerar igualmente
como Variações Rodadas por serem idênticas no seu ritmo de emissão continuo, rouco, ainda que a
sua modulação varia segundo o uso de diferentes
vogais.
VARIAÇÕES
RODADAS:
São
passagens musicais do canto, emitidas de forma simples, ritmo continuo e frequência
algo mais lenta que os Timbres, que se diferenciam
pela troca de vogais, sendo de intermitência tão pequena que dão a sensação de
que esta não existe, ainda que é seja maior
que a dos Timbres e que podem chegar a ter um som grave que não deve ser excessivo.
O seu texto fonético é limitado e de sonoridade oca, intervindo a
consoante "R" e "RR" e as vogais "E", "EI", "O", "U" e
"OU". Exemplos:
"rererere..." , "reireirei...", "rorororo...",
rurururu...", "rourourou...". Deve existir um equilíbrio
entre a consoante e as vogais, porque se predomina a primeira ficará um som
duro.
A duração das Variações deverá ser curta, de uns
3 ou 4 segundos, e será de mais valor quanto mais oca for e profundidade tenha o seu som. Pode ser
emitida como nota de enlace entre outros
notas que integram o seu canto. Em comparação com os Timbres, a cadencia de
emissão das sílabas que as compõem é maior, o que dá lugar a que a impressão de
continuidade e som rodado se ouvir de forma mais perfeita. Pela sua curta duração não é aceitável o intercambio de vogais ou modulação
de sons, já que para fazê-lo, o canário teria que alargar as Variações e entraria
em pleno na emissão de Rulos, o que seriam
penalizáveis e até motivo de desclassificação se forem doces, ocos e profundos, especialmente com o emprego da "U" (próprios do canário
Roller), pelo que a presença das Variações Rodadas no canto do Timbrado devem ser muito prudentes e curtas. O normal é que se escutem com movimento plano que também podem ser ascendente, se eleva o tom, e
o descendente seria perigoso pelas causas explicadas anteriormente. Quando nestes
giros intervém a vogal "E" há tendência para a nasalidade e fricções, pelo que esta vogal deve ser
pronunciada de forma limpa e clara que às vezes se dulcifica pelo tom metálico do canto.
Se se combinam as vogais "E",
"I" fica com um som agradável e a possível nasalidade da "E" é fácil de desaparecer.
A pontuação máxima é de 6 pontos.
Uma
vez analisadas as notas anteriormente descritas, os Timbres e as Variações Rodadas, convém fazer algumas considerações.
Se estudamos
as outras duas raças de canários de
canto oficialmente reconhecidos, o Roller e o Malinois, veremos a existência de uma
grande afinidade entre as citadas notas com outras similares que emitem essas
raças e podemos chegar à conclusão de que os denominados Timbres e Variações Rodadas existem igualmente, no que se refira à estrutura gramatical, dicção e expressiva fonética, no Roller e Malinois.
Se
compararmos os Timbres (ririririri....)
como nota de ritmo de emissão continua composta pela consoante "R" e vogal "I",
no Roller chama-se Klingelrol (rulo
timbrado) e as Variações Rodadas igualmente
formadas com ritmo continuo com a "R" e vogais
"E", "O", "U" são os Hohlrol (rulos ocos), que com a vogal "E" são de menos valor por serem geralmente nasais e com as "O" e "U", os de maior valor pela
sua qualidade oca e de doçura. Também são
comparáveis com os "Knorren"
pelo seu ritmo continuo, consoantes
"RR", "KN"
e vogais "O" e "U".
No Malinois, os Timbres e Variações
Rodadas englobam-se no giro Belrol, já que além da
vogal "I" podem
entrar em jogo as vogais "Ü"
francesa, a "O", a "U" e "OU" (ririri...; rürürürü..., rororo....; rururu.... e
rourourou....), e sempre com a consoante "R". Também entram nas Variações Rodadas os "Knorr" com as consoantes "KN" e as vogais "O", "U", "OU"
(knor-r-r-r; knur-r.r.r-r; knour-r-r-r).
Igualmente as "Fluitenrol"
ou Flautas rodadas com uma apenas perceptível "R" e em forma
variante (ruroruroruro).
Os Timbres e Variações Rodadas está demonstrado que são característica comuns
às três raças de canários de canto reconhecidas
nos concursos, com as lógicas diferenças do seu tom, vocalização e dicção derivadas das qualidades próprias de
cada raça na forma de expressá-las e segundo
seja a sua siringe mais ou menos apta para emiti-los. Se examinarmos os conceitos
anteriores, claramente se deduz que
pretender definir o canário Timbrado Espanhol com o argumento simplista e
carente de conteúdo técnico pelo facto de emitir Timbres e Variações Rodadas , quando esta característica é comum às outras duas raças de canários, desta forma podíamos chamar
também de canários timbrados ao Roller e ao
Malinois, tendo, pois, um
Timbrado Alemão, um Timbrado Belga e o nosso Timbrado Espanhol. Este raciocínio
foi
o que deu lugar a que este critério
não fosse admitido pelos Órgãos Técnicos do C.N.J./F.O.C.D.E. e pela imensa
maioria da “afición” dedicada à seleção do Timbrado Espanhol enquadrada em F.O.C.D.E,
mantém outro critério à forma como se deve
definir este e as características que o diferenciam das outras raças, segundo a
evolução cultural e desenvolvimento alcançado
nas últimas décadas. O critério mais adequado
e técnico usado para a definição do Timbrado Espanhol está baseado no
tom
timbrado metálico do seu canto e
é este o conceito aceite pelo C.N.J.
A
diferença entre o Roller e o Malinois estabeleceu-se internacionalmente
com base nalgumas características técnicas que os distinguem perfeitamente nas virtudes do seu canto e não é precisamente a emissão de notas que lhe são comuns
como são os Timbres (que na realidade são
rulados com a vogal "I"), as utilizadas para estabelecer as diferenças,
são somente a sua qualidade e perfeição na emissão de Ruladas simples ou duplas, ocas ou profundas no Roller e as diversas e aperfeiçoadas Notas
de Agua para o Malinois. No Timbrado Espanhol os Timbres e Variações
Rodadas (que noutros tempos também se chamavam Timbres com as vogais “E", "EI", "O" e "U") são foneticamente consideradas ruladas melhor ou pior emitidas; logicamente não podem nem devem
alcançar a perfeição com que as emitem
os Roller devido a que a sua siringe não está desenvolvida nem especializada para isso e que se as realizaram com profusão iria em
detrimento das notas de ritmo de emissão
semi-descontinuo ou descontinuo e das de Agua, que também emitem determinados canários
de Canto Espanhol, segundo seja a sua linha de canto, ainda que, como já se disse, sem a perfeição com
que as realizam os Malinois que estão especializadas
para elas. São precisamente as notas
semi-descontinuas e descontinuas as mais belas a que pode chegar a emitir um Timbrado,
simples ou compostas (Variações Conjuntas). Por tais motivos, os Timbres e sobretudo las Variações Rodadas convém que tenham uma emissão curta, breve e sem modulação, que por se produzir com qualidade oca e de doçura dariam origem à sua desclassificação num
concurso, que também se enquadra na consideração
de serem Rulos que correspondem a outra raça de canto como é o Roller.
A canaricultura de canto, como a das outras
variedades que abrange, evolucionou a passos
de gigante no século XX e seria absurdo
que, por exemplo, no canário Roller atualmente
alguém pretendesse voltar a implantar os conceitos que estiveram vigentes até
finais do século XIX, quando um génio
como Trute criou uma considerada e então fabulosa estirpe de canários do Harz, que atualmente
já não existem nem seriam admitidos. O mesmo
se pode dizer a respeito do Malinois atual, bem diferente àquele dos princípios
do século XX. As duas raças evolucionaram
e os Códigos de Classificação são muito distintos. O mesmo aconteceu com o
Timbrado Espanhol que, ao evoluir, se melhorou para conseguir estirpes e linhas de um canto mais
belo e agradável, procurando eliminar os
timbrados gritantes, estridentes, subidos de tom, sem notas de agua, que incomodavam
o ouvido quando os escutávamos, com notas vulgarmente emitidas como estrondas e
potentes Piaus, Chaus, Castanholas e Timbres
com diversas vogais duras e constantes, num canto geralmente medíocre próprio dos
denominados internacionalmente "Chopper"
ou canários “balconeros”. Estes tipos de canto que, por desgraça, ainda persistem, ainda que em minoria, há que procurar eliminá-los, já que pretender
seguir com eles pode ser indicio de
existirem "motivações"
extra desportivas alheias à criação do canário, neste caso do nosso canário
nacional, o criador aficionado deve selecionar e cultivar o bom canto que, sobretudo, resulte
variado, melodioso e agradável de ouvir.
Seria
rejeitável julgar atualmente com a
Planilha de Classificação e Código que
se usaram para o Timbrado quando se criaram à 50 anos, agora resultariam obsoletos e retrogradas, como si nada houvesse mudado e evolucionado em meio século e o que causaria um grande prejuízo para o nosso canário,
confundindo gravemente aos aficionados a sua criação. Não podem ser mantidos alguns
conceitos que se estabeleceram então, sem
dúvida com a melhor boa fé e por pessoas capacitadas naquela altura(não partilhados
agora por outras igualmente
competentes), ignorando a evolução que teve
o canário Timbrado desde então até aos nossos dias.
CAPITULO 14° - 2001
TIMBRE
DE ÁGUA:
Trata-se
de um giro de ritmo de emissão semi-descontinuo
com sonoridade aquosa, cujo texto fonético está formado pelas consoantes "B",
"G", "W", unidas à consonante "L" e à vogal "I" ou ao ditongo
"UI"; com uma cadencia rítmica de 5 a 6 batidas por segundo que
permite perceber com claridade as
consoantes e vogais assinaladas como próprias
desta nota, caso contrário, ao se
desfocar a boa dicção, se perde boa parte da sonoridade aquosa. Exemplos: "bliblibli...";
"gligligli..."; bluibluiblui..."
Se se
considerar como um Timbre especializado ou variação de Timbre, é o som aquoso o que lhe confere personalidade própria. Se muda a nota para mais doce conservando a vogal
"I"; ainda que, acompanhada das outras vogais assinaladas, dá a sensação
de um Timbre com ritmo mais pausado e com som da
agua que se desliza suavemente devido à intervenção
da consoante "L", que é básica
e fundamental nos sons onomatopeicos da agua. Apesar do que se disse, não se pode incluir no grupo dos Timbres, já que o seu som se parece pouco com
o aparelho denominado "Timbre" e teoricamente se pode dizer
que é uma espécie de ressonância do Timbre metido em agua e com um distinto ritmo de emissão, neste caso
semi-descontinuo e sem a consoante "R".
O Timbre de Agua é próprio
dos exemplares da linha de agua, que logicamente são os que, pela sua siringe
especializada na emissão de giros aquosos,
que os realizaram da melhor forma. Por
outro lado, quando se trate de exemplares correspondentes à linha seca,
metálica ou oca, igualmente o emitem, ainda que com um som metálico na primeira
delas ou com algo de oco na segunda sem que se perceba o som de agua o que seja muito
ligeiro. Anteriormente este giro foi denominado "Nota Batida" e no código antigo chamou-se "Cloqueo
em Bli".
A
sua pontuação máxima é de 3 pontos. Concede-se o maior
valor, quando o canário emita um som limpo
e claro na sua dicção e vocalização,
especialmente quando realize escalas
ascendentes e descendentes modulando o som, de menos valor, quando a emissão seja
plana. Considera-se uma emissão boa, se a
realizar com maior ressonância "blibli" ou "gligli" e muito boa, quando as consoantes se conjuguem com
o ditongo "UI".
ÁGUA
SEMILIGADA:
Esta
nota está composta pelas mesmas vogais e
consoantes que formam a Agua
Lenta, mas com a diferença básica e fundamental do ritmo de emissão que aqui é semi-descontinuo. Ao terem os sons um ritmo mais
acelerado, os ditongos rompem-se e em ocasiões soa uma só vogal, ainda que sempre com a presença da
consoante "L", existindo uma ampla combinação de consoantes que podem estar
presentes e que imitem os sons de agua produzidos de distintas formas.
Esta
magnifica nota é extremamente difícil de explicar pelo sistema gramatical e fonético que habitualmente se usa para descrever
o canto do canário. É nota que admite
diversas consoantes e vogais que podem configurar as sílabas do seu texto de emissão.
Principalmente entre as consoantes se apreciam: "B", "L",
"R", "D", "G", "V", "S",
"W". Das vogais as melhores são:
"U", "O", "Ul", "OI", "IU",
"IO".
Dentro
da dificuldade da composição nas suas sílabas e frases, como exemplos podemos pôr. "blobloblo...",
"blublublu...", "bliudbliudbliud...", "blolblolbloi...
", "brioudbrioudbrioud...", "glulglulglui....",
"gliodsgliodsqliudsgliuds...", "glioudsbrouissgliouds... ",
"luiluilui.... ", "loiloiloi..",
"woiwlulwoiwlui...", "wuiwuiwui..., "woiwoiwoi...",
etc.
É nota composta por se produzir e se escutar dois ou mais sons, mas na que sempre percebemos
como som de fundo e básico o som de agua que é o que lhe dá
plenamente o seu carácter.
As melhores emissões são aquelas em que as consoantes são brandas (requisito imprescindível
em toda a nota de agua) e as vogais pronunciam-se
com profundidade, plenas, ocas e, sobretudo, limpas, resultando composições baseadas
num hábil, suave e doce silábico
do pássaro.
O
seu ritmo de emissão é semi-descontinuo, mas sempre acelerado e rápido, o que produz um som
agradável e continuado, parecido em algumas ocasiões ao correr da agua por uma
torrente, à agua em ebulição ou ao borbulhar da mesma produzido de várias formas.
A pontuação máxima alcança os 3 pontos.
No canário Timbrado Espanhol podem existir notas
de agua quando tenha uma siringe apropriada para as poder emitir. Também podem
não se apresentar na emissão por pertencer o canário a uma linha de canto seca, oca ou metálica,
com a siringe não apta para produzir sons aquosos. Tal circunstancia não desvaloriza
o valor do canário, que pode pertencer a qualquer das duas linhas de canto, a
seca e a de agua, pelo que pode alcançar igual valor tanto numa como noutra, quando reúna nas demais notas os méritos devidos de qualidade, variedade,
alegria e correta emissão de todo o repertório.
O que lhe falta de notas de agua pode compensar-se perfeitamente pela melhor interpretação noutras notas do Código.
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