Há criadores de canários “Rollers” que não entendem a importância das fêmeas,
portadoras com frequência, de um grande potencial de qualidade. Como a fêmea
não expressa o canto, não é evidente para o criador ou comprador se esta herdou
qualidades ou defeitos. Muitos criadores de “Rollers” compram machos excelentes
para acasalar com as suas fêmeas apenas para descobrir que os filhos não são de
qualidade. Depois dizem: “As minhas fêmeas não ligaram com os machos”, a pensar
que as fêmeas que tem não servem para tirarem
magníficos cantores. Os criadores, decepcionados desta maneira, vendem toda a descendência
sem primeiro comprovar que as fêmeas podem ter um grande potencial para produzir
machos extraordinários. A fêmea, que possui os cromossomas X e Y, que determinam o
sexo das crias e que passa um destes a cada pássaro, de tal maneira que passa
às suas filhas o cromossoma Y e aos
seus filhos o cromossoma X. Ao passar o cromossoma X aos machos pode passar-lhes, ao mesmo tempo, as
características do canto de seu pai . Ora bem, o pai poderá ser medíocre ou ela
poderá ter herdado uma fraca qualidade no canto através dos genes complexos do cromossoma
do pai. Neste caso seria de pouco valor, excepto se lhe metermos algum macho de
uma linha muito definida e muito correcta. Devemos entender que o necessário
para tirar machos excepcionais é refrescar metendo uma boa linha de sangue. Nem
todos os cruzamentos com outro sangue dará bons machos, no entanto, as fêmeas
que descendem de bons pais costumam ser excelentes portadoras de qualidade, mesmo
que os seus irmãos sejam de má qualidade. Muitos criadores não dão oportunidade
às sua fêmeas para o provar. Quando dão filhos maus não é indicativo que tenham
pouco potencial ou sejam elas a causa dessa situação. Todos os rollers, tanto
machos como fêmeas, podem transportar a boa ou má semente. Por exemplo, numa
ninhada de quatro irmãos pode haver um ou dois pássaros excepcionais e os
outros dois serem medíocres, ou mesmo
maus. Também a genética pode dar um passo atrás e jogar um papel importante na
criação de todos os animais, assim grandes espécies podem produzir filhos débeis.
Mas não devemos esquecer que as fêmeas transmitem o cromossoma X de seu pai, e deveriam
ser as portadoras da sua boa ou má qualidade de canto. Se o pai é excepcional,
suas filhas devem ser indicadas para a criação, mesmo que seus irmãos sejam
fracos de canto. Eu nunca selecciono as fêmeas
pelo canto dos seus irmãos, mas sim pelo do seu pai. Conheço muitos criadores
experientes, também chamados de maestros, que porque no refresco de sangue não saíram resultados imediatos,
falo da 1ª geração (F1), não ficaram com nenhum pássaro para criar, nem macho nem
fêmea. Como diz o velho ditado,, “Roma e Pavia não se fizeram num só dia”. As
boas estirpes de canto roller não se fizeram com o trabalho de uma temporada. Os
criadores experientes tem planos e objectivos que lhes levam o trabalho de
várias gerações. Existe uma procura constante de refrescar sangue em todos os
aviários sem ter em conta importantes aspectos negativos, já que o refresco continuo, ao igual da endogamia,
se não for em momentos muito concretos, nos levará a uma degeneração tanto do fenótipo como no
vigor do tom e o canto. O criador tem que ter duas ou mais linhas no seu
aviário e ir seleccionando as duas de sangue com paciência até descobrir a
melhor direcção ou linha que sobre a qual se deve concentrar e assim continuar
até que necessite apoiar-se noutro sangue de novo. Certos pássaros que transmitem,
tanto machos como fêmeas, apareceram em cena e uma vez que se encontrem devem utilizar-se a fundo para a criação. Ainda que
a fêmea é a que tem a chave para produzir excelentes cantores e é a que tem o
potencial para os seus descendentes
masculinos, existem certos machos dominantes que dão bons filhos com quase
qualquer fêmea. Uma vez que um criador tenha um pássaro nestas condições deve
utilizá-lo para concentrar nele a linha da sua criação, e suas filhas também devem
de estar predispostas para tirar grandes descendentes. Já que a fêmea é a
grande desconhecida e que deve ser posta
à experiência várias vezes. Não é justo avaliar os resultados apenas por uma temporada. Um criador experiente colocará uma
fêmea com vários machos e encontrará que certas famílias de fêmeas dão-se bem com outras famílias de machos. Também
não podemos ter a certeza de que os resultados de acasalamentos repetidos produzirão
sempre o mesmo, já que a maioria de nossos pássaros são algo heterozigotos e contém muitos factores genéticos desconhecidos,
assim alguns casais podem produzir um descendente excepcional e repetindo não
voltamos a conseguir nenhum inclusive noutras temporadas. Dizemos, talvez
exagerando um pouquinho, que os timbrados excepcionais aparece um em mil e
tirando um por temporada já é muito bom, o qual deve ser o pássaro sobre onde
se deve centrar a criação e que nos devemos sentir recompensados por isso, a
este exemplar se lhe devem meter várias fêmeas e suas filhas devem-se conservar
todas para criar numa ou outra criação. Joseph Denier de Chicago, a quem eu
considero um dos melhores criadores de “Roller” deste século sempre dizia: “Eu
somente avalio a fêmea pelo pai , mas tem que ser testado mais que uma vez, em
distintos anos e com mais de um macho”. Sou a favor que o criador que com
paciência e habilidade confie no potencial das suas fêmeas em vez de se
orientar apenas pelo canto dos machos. A fêmea, até que não se prove, é um mistério. Espera-se que os grandes criadores conheçam o potencial
das suas fêmeas, mas isto não significa que cada fêmea seja segura, também pode
acontecer o contrário, haja fêmeas que nunca produziram qualidade. Se seus pais
forem maus, o mais provável é que transmitam estes defeitos às suas gerações
futuras e isto pode acontecer a qualquer um que fique com alguma fêmea que degenerou
nas mãos de outro criador e não saiba. Vou citar um exemplo de duas linhagens
que ouvi no concurso de Seattle em Dezembro
de 1974. Uma equipa cantou com um profundíssimo tom e com volume mas cortavam
os notas, não expandiam o canto e isso piorou
o seu efeito no geral. Outra equipa expandia todas as notas, especialmente os “rulos”,
isto era muito notório, se aplicavam tanto com as notas largas o que resultava
tremendamente monótono. O cruzamento destas duas linhas poderia produzir una feliz combinação na primeira
descendência ou na segunda ou terceira geração. Só o tempo, a paciência e o trabalho
dariam, talvez, bons resultados. O certo é
que se estas duas linhas as continuasses
trabalhando no seu estado já inato se agravariam suas degenerações ou defeitos.
Se cruzares com outra linha para tirares F1 e te sai algum descendente
masculino excepcional, terás sorte, si não, deverás conservar as fêmeas. Portarão
com toda a segurança as qualidades do pai, herdando o seu cromossoma X e devem produzir
cantores comparados a este. Recorda, a produção de bons “Rollers” é um processo
de selecção e planeamento. A seleção da fêmea, maravilhosamente misteriosa, deve
ser o mais importante. Generalizando, ela é o factor dominante ma produção dos
melhores pássaros, enquanto que o macho, a menos que ele seja dominante, é o
responsável de produzir excelentes mães. Nunca seleccione as fêmeas pelos seus
irmãos porque a sua herança é, ou pode ser, absolutamente diferente. Lembre-se,
as filhas de pais com uma dicção muito clara e limpa serão as melhores companheiras para
machos extremamente profundos com tendência a qualquer giro nasal. Quando um
não obtém os resultados desejados, tem que ficar-se sempre com as suas próprias fêmeas sempre que sejam filhas de
machos excepcionais mas se houver muita degeneração
na criação há que começar de novo. O facto de que em certa ocasião um pouco de consanguinidade
seja bom não significa que se possa continuar indefinidamente criando sem necessidade
de refrescar, absolutamente o contrario, se a criação durou demasiados anos sem
meter sangue novo, pode-se ter chegado a degenerar tanto que nos encontremos num
ponto sem retorno. Então já será demasiado tarde e qualquer esforço para tirar pássaros
de qualidade resultará inútil. Haverá seguramente machos e fêmeas dominantes na
estirpe de cada criador, e quando apareçam devem-se utilizar sabiamente para fazer
uma linha baseada no seu sangue. Tenho pessoalmente três fêmeas cujo sangue
será encontrada em pelo menos 75% dos meus canários, e inclusive quando
introduzo sangue novo misturo-as para continuar com esta línea. O criador que
se preocupa tem que estudar o pedigree das suas fêmeas misteriosas de modo que
não elimine do seu programa as fêmeas com um grande potencial. Também muitos
vendem equivocadamente as melhores, pensando que não tem nenhum valor apenas
porque os seus irmãos não saíram bons. É uma lástima o número de fêmeas que se
perdem devido à ignorância dos
criadores, tanto principiantes como experientes. Estude os ascendentes,
especialmente o canto do pai, e usá-lo num programa de criação detalhado. Se depois de várias
tentativas ou vários planeamentos não se conseguirem filhos de qualidade é
provável que seja devido a ela mesma. Porém, se leva boa genética o mais
provável é que tire excelentes machos e filhas dignas de usarem na criação. A
sua cor, o seu tamanho e sua chamada não são importantes, ainda que pais com
bom tamanho e fenotipo possam ser um activo importante na qualidade do físico e
da pena.